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MINHA EXPERIÊNCIA ACADÊMICA, INTELECTUAL E SOCIO-CULTURAL NO BRASIL DURANTE DOIS ANOS

(AGOSTO DE 2011 ATÉ AGOSTO DE 2013)

Sumário

Agradecimentos 
Introdução 

Primeira Parte: O Contexto da chegada dos alunos haitianos ao Brasil 

1- Contexto da criação do programa Pró-Haiti 
2- Definição do programa Pró-Haiti 
3- Minha situação acadêmica antes de chegar ao Brasil 

Segunda Parte: O ambiente social e acadêmico na Unicamp 

1- Recepção dos haitianos e a primeira atmosfera social na Unicamp 
2- Minha situação acadêmica durante seis meses no Brasil (agosto até dezembro de 2011) 
3- A primeira iniciativa coletiva dos Haitianos 
4- Situação socio-acadêmica e as dúvidas entre os Haitianos, a Unicamp e a CAPES (dezembro de 2011 até fevereiro de 2013) 
5- Resultado das dúvidas 
6- As minhas atividades acadêmicas (março de 2012 até junho de 2013) 
7- Minha própria analise dessa experiência vital 

Terceira Parte: As atividades culturais e turísticas 

1- Uma Jornada na cidade de São Paulo 
2- Minha estadia no Rio de Janeiro 
3- Meu passeio em Brasília 

Conclusão: meus sonhos 


Agradecimentos

Por cima de toda coisa, os meus agradecimentos vão primeiramente a Deus em que eu acredito, sem a força e a ajuda dele não poderia ser capaz de contar hoje essa grande experiência. À minha toda família, principalmente, ao meu pai Operson Fabien, à minha mãe Jonita Joseph cujos seu amor para mim permanece sempre forte, quero dizer um forte obrigado por ter investido em mim e pela aprendizagem dos valores éticos e morais. Aos meus dois irmãos mais velhos, Jean-Claude Léon e Famiel Fabien, quero enviar um grande agradecimento por ter me sustentado nos momentos financeiros e econômicos difíceis.  Quero agradecer também a minha namorada Ernela Octelus pela sua paciência, sua coragem, pelo seu amor e seu apoio espiritual e moral. Pois, apesar da distancia muito longe que nos afastou durante esses dois anos, os seus carinhos para mim não nunca acabaram. Jamais uma mulher tão maravilhosa não pode me amar como ela. Sem o programa Pró-Haiti realizado pela CAPES no âmbito do qual eu cheguei ao Brasil, uma história tão maravilhosa como esta não seria possível, então agradeço fortemente a CAPES por me ter oferecido essa grande oportunidade de aperfeiçoar meus estudos numa das prestigiosas universidades do Brasil que é a Unicamp. Se a CAPES tem o mérito de ter aberto essa porta de estudo que me permite compartilhar com os brasileiros e outros estrangeiros os valores socio-culturais haitianos e aprender também os que fazem a grandeza do Brasil, é importante saber que o papel desempenhado pelo CNPq na minha vida acadêmica e intelectual é também infinitamente grande. Foi o CNPq que me ofereceu a bolsa de mestrado, então quero lhe dizer profundamente obrigado. Ambos são um acompanhamento financeiro certo e essencial para que os estudantes estrangeiros possam estudar no Brasil. Quero agradecer também o pessoal de dirigentes da Unicamp, em particular, as senhoras Zilda Aparecida, Eliana Amaral, Maria de Fatima, o professor Omar Ribeiro, por seu papel desempenhado na situação difícil dos alunos haitianos, a senhora Adriana Barreiro da Ouvidoria da Unicamp com quem eu tinha algumas conversas muito interessantes e frutuosas. Para concluir, quero agradecer todos os meus professores com quem eu tinha aulas, os meus colegas haitianos como Berhman, Francky, Philippe, Franck e outros, os amigos brasileiros, em particular, Eduardo, Natalia, Luisa, Sebastião, Joana e outros, com quem eu moro, por fim, todas as outras pessoas que, de uma maneira ou de uma outra, seja no âmbito de um contato, seja durante de uma conversa, produziram uma qualquer influencia na minha vida durante esses dois anos. Eu não gostaria de concluir sem enviar meus respeitosos agradecimentos antecipados a cada leitor pela sua atenção particular que ele vai conceder a essa obra.

Introdução



Essa obra pretende ser uma parte da minha pequenina história. Ela leva em conta a minha própria experiência vital num país estrangeiro. Essa história a ser contada pode ser também considerada como a parte mais relevante da minha vida porque caracteriza uma das etapas fundamentais dela, a saber, a minha formação intelectual. Ao escrevê-la, estou perseguindo como objetivo principal o de compartilhar algumas informações com o público e deixar um testemunho que ressaltará os principais e cruciais momentos que têm marcado a minha vida acadêmica, intelectual, social, cultural, e econômica no Brasil. Além disso, essa obra não pretende ser um tipo de biografia no verdadeiro sentido do termo, porque, de um lado, abrange um caráter ao mesmo tempo individual e coletiva, o leitor encontrará algumas informações relevantes sobre o contexto do programa Pró-Haiti, a vida levada pelos alunos haitianos desde que eles chegaram aqui no Brasil e, o mais relevante, algumas informações estritamente pessoais que dizem respeito a minha experiência acadêmica acompanhada de uma analise de ponta sobre as diferentes lições aprendidas dessa experiência, do outro lado. Para aqueles que já me conhecem esse obra será uma outra oportunidade de aprofundar, acrescentar e completar suas informações ou esclarecer suas dúvidas sobre mim, pois nunca ninguém não conhece alguém inteira e definitivamente.  Do outro lado, para aqueles que nunca me conhecem, essa obra se apresenta como um espelho através do qual eles vão olhar a imagem de um filho do Haiti com seus sonhos, seus desejos, seus objetivos e suas ambições para sua família e seu país. Estou aproveitando dessa obra para produzir algumas reflexões sobre o comportamento dos alunos haitianos aqui na Unicamp. De qualquer maneira, trate-se de um testemunho revelador e verdadeiro oferecido  ao público leitor. Na minha opinião, acho que não é permitido deixar se cumprir em silencio a parte que se diz mais relevante da vida de uma pessoa sem materializá-la. Acredito também que as gerações, presente e futura, têm direito, não somente às informações sobre a história pessoal de um individuo em que ele trata da sua concepção da vida, assim como as dificuldades enfrentadas e a maneira de que ele conseguiu vencer os desafios da vida, mas sobretudo a toda informação de caráter racional que pode lhes ser útil. Nessa perspectiva, ao escrever essa obra, é esse direito às informações que estou buscando respeitar e garantir às duas gerações. Essa iniciativa de escrever minha própria história sobre essa experiência vital traduz um dever de memória, ela tem como ambição de pôr fim a todo tipo de egoísmo qualquer sejam sua origem e sua natureza. No obstante, não tenho nenhuma pretensão de ser narcisista. A minha única e principal preocupação é compartilhar. Enfim, em um momento especial que marcará, em 8 de agosto de 2013, o meu segundo aniversário da minha chegada ao Brasil, essa obra se faz interessante e tende a apresentar os eventos proeminentes da minha estadia no Brasil. Ela abrange três partes. A primeira apresentará o contexto no qual os haitianos cujos eu chegaram no território brasileiro, na segunda abordarei a situação social e acadêmica dos alunos haitianos na Unicamp, por fim, a terceira ressaltará as atividades culturais e turísticas de natureza individual e coletiva às quais participei.


Primeira Parte: O Contexto da chegada dos alunos haitianos ao Brasil

1- Contexto da criação do programa Pró-Haiti

Em 10 de janeiro de 2010 às 16h45 um terremoto terrível de magnitude 7,5 sobre a Escala de Richter destruiu todo o pais, principalmente a capital Porto Príncipe e provocou a morte de 300.000 indivíduos, 1.5 milhões de sem abrigos e outros estragos materiais. Após o Porto Príncipe que está situado no Oeste, a segunda cidade mais afetada por esse terremoto foi Léogane que está 
também situada no departamento do Oeste. Os haitianos se ajudaram como poucas possibilidades antes da intervenção estrangeira. Alguns dias depois, o território do Haiti foi invadido por vários países principalmente, os Estados Unidos, a Franca, o Canadá, a República Dominicana, a Cuba. Foi uma invasão humanitária, não obrigatória, mas necessária, ou seja, esses países não precisavam invadir o território como fizeram, mas a presença deles foi implícita e necessariamente solicitada. Nesse contexto, Haiti foi totalmente desarmado do seu poder de governança e se torna fisicamente um país ocupado por estes países e pela comunidade internacional com a presença da ONU.  Nesse momento de tragedia, tudo mundo queria ajudar Haiti, mas como? Com efeito, geralmente o apoio da comunidade internacional chega no Haiti, antes, depois e durante do terremoto, sem precisar saber o que o país está desejando verdadeiramente, ela é contrária ao desejo do povo haitiano apesar da sua utilidade. O caminho principal pela qual ela passou é as ONG (Organizações Não-Governamentais), isto é uma das causas principais do fracasso da ajuda internacional no Haiti desde o inicio até então. O governo haitiano, embora  reconheça a importância da ajuda internacional e ciente da sua utilidade, sobretudo nesse momento muito difícil produzido pelo terremoto, se lamenta do fato de que ele não tem, infelizmente, nenhum controle sobre a chegada e o procedimento da distribuição dessa ajuda. Portanto, como resultado, a gestão da ajuda internacional foi catastrófica, basta dar uma olhadinha sobre o país três anos depois desse terremoto para constatar isso. É uma ajuda contaminada e envenenada. 
A intervenção dos países ditos amigos do Haiti e da comunidade internacional foi muito rápida e, pela primeira vez, na sua história uma atenção mundial bem particular foi concedida ao Haiti, e as notícias sobre o terremoto que ele vem sofrendo, ocupava a primeira página em todos os jornais a escala internacional. Porém, entretanto, entre as três super potências ocidentais, a saber, os Estados-Unidos, a França e o Canadá, teve um conflito para saber quem dentre elas tem direito para controlar o espaço aéreo do Haiti e seu território enquanto muitas pessoas necessitaram de cuidados médicos urgentes. Numa situação como essa, nada não podia adiantar, as instituições públicas e privadas do país estavam completamente desorganizadas, em peculiar as universidades que sofreram muito das consequências desse terremoto. Então, nesse sentido, só a comunidade internacional que controle tudo, o governo haitiano tem que assistir. Um papel de assistente que lhe é imposto pela comunidade internacional, pois geralmente ela considera o Haiti como um país ingovernável e não governado. É essa pretensão que faz que a sua presença no país se torna cada vez mais completamente ineficaz e inútil, pois suas ações vão fora da realidade social, política e econômica do país. Com efeito, o setor da educação foi um dos setores mais atingidos pelo terremoto, a única universidade pública [Universidade do Estado do Haiti (UEH)] que o país possui inclusive as universidades privadas sem esquecer as escolas públicas e privadas de ensino secundário e médio foram severa e extremamente afetadas. Todas as unidades da UEH que se encontram na área metropolitana de Porto Príncipe foram gravemente atingidas, e três dentre elas foram totalmente destruídas[1]. Portanto, nessa situação lamentável que o terremoto colocou as instituições públicas e privadas de ensino do país, uma grande intervenção se fez sentir, então vários países cujos o Brasil se apresentaram para ajudar Haiti a sair dessa dificuldade. Pois, em realidade, era completamente difícil que o país possa sair sozinho. Ele precisava muito da ajuda dos países estrangeiros para poder enfrentar os novos desafios que apareceram no âmbito educacional. Foi nesse contexto que vários países de continentes diferentes entre os quais podemos citar, na Europa, a França, a Espanha, alguns países da África como Gana, Benim, na América, o Canadá, o Venezuela, se ofereceram com muito gosto para ajudar Haiti. Nesse objetivo, o Brasil, particularmente, criou o programa Pró-Haiti. Antes de ver o que é esse programa, é importante ressaltar que, na história da educação haitiana, os países como Canadá, Estados Unidos, França, Guadalupe, Cuba, etc., têm costumo de oferecer bolsas de estudo aos estudantes haitianos para perseguir seus estudos numa universidade estrangeira. Isso acontece, geralmente, no âmbito das relações acadêmicas que a UEH mantém com várias universidades estrangeiras do mundo. O que diz respeito ao Brasil, se quisermos voltar um pouco na história das relações internacionais entre o Brasil e o Haiti, sobretudo no setor da educação, podemos constatar que é a primeira vez que um tal tipo de programa foi elaborado pelo governo brasileiro na meta de apoiar os estudantes haitianos a continuar seus estudos nas universidades brasileiras que têm aceitado entrar nesse programa. Em resumo, não seriamos exagerados, se disséssemos que sem o terremoto um tal programa não teria nascido, pois é esse evento que foi a origem desse programa, em outras palavras, o terremoto foi uma ocasião favorável para criação do programa Pró-Haiti. A iniciativa de criar esse programa ao cuidado dos alunos haitianos foi excelentíssima, porém, no inicio, tudo não aconteceu como os alunos haitianos esperavam.

2- Definição do programa Pró-Haiti

No âmbito das relações diplomáticas entre o Brasil e o Haiti, foi criado um programa chamado Pró-Haiti cujo o objetivo é apoiar Haiti, particularmente, no setor da educação de nível superior. Ele se endereça principalmente aos estudantes haitianos que, no âmbito da formação acadêmica, querem perseguir seus estudos no território brasileiro. Com efeito, concebido e criado pela CAPES[2] em 28 de abril de 2010, seja quatro meses após o terremoto, o programa Pró-Haiti é definido no artigo 1º do Anexo I da Portaria No. 092 e publicado no DOU em 29 de abril de 2010 seção 1 página 22-23 que diz o seguinte: « Criar o Programa Emergencial–Pró-Haiti em Educação Superior com o objetivo de contribuir para a reconstrução do Haiti por meio de apoio a formação de recursos humanos e à reestruturação das Instituições de Ensino Superior (IES) haitianas, podendo incluídas outras modalidades que possam ser consideradas pertinentes ao Programa. » Nos CONSIDERANDO dessa mesma portaria podemos ler: « Considerando o Memorando de Entendimento entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República do Haiti para a reconstrução, o fortalecimento e a recomposição do Sistema de Educação Superior do Haiti, assinado em 25 de fevereiro de 2010 ». Esse último parágrafo traduz claramente a legalidade e o caráter oficial do programa entre os dois governos.   Ao analisar a essência desse programa que é um tipo de « graduação sanduíche », um tema muito novo no universo acadêmico haitiano ao qual nenhum aluno haitiano não se acostuma, ele deveria ser, logicamente, endereçados aos estudantes haitianos que estão entrando em primeiro ano de estudo numa universidade seja pública ou privada, porém não foi o caso. Esse aspecto será abordado mais amplamente depois. Com efeito, no vocabulário acadêmico brasileiro, o termo « graduação sanduíche » é um tipo de Intercâmbio, ou seja, o aluno no âmbito de um tal programa chega no território brasileiro para se cursar algumas matérias isoladas na universidade respectiva pela qual ele foi escolhido, e depois disso, tem que voltar pro seu país de origem para completar os créditos das disciplinas escolhidas na universidade estrangeira. Isso significa claramente que o programa não prevê que o aluno poderá terminar seus estudos universitários numa das universidades brasileiras a fim de ter um diploma válido. Segundo o programa Pró-Haiti, após a expiração da bolsa de « graduação sanduíche » de uma duração de 18 meses, repartidos em seis meses para a aprendizagem do Português, e 12 meses para as atividades acadêmicas, o aluno tem direito só a um certificado que justifica o período de estudo e a um histórico escolar que contém todas as disciplinas cursadas. Na concepção do programa, essas disciplinas poderão ser aproveitadas e incluídas no histórico escolar do aluno no Haiti, após seu retorno ao país. O programa Pró-Haiti tem cinco objetivos que são formulados assim:
a) Apoiar às instituições de ensino superior brasileiras na apresentação de projetos de pesquisa de modo a selecionar pesquisadores envolvidos com a questão do Haiti, que estejam ou estiveram envolvidos em pesquisas científicas e tecnológicas com aquele país, com vistas a realizar diagnósticos  da situação das instituições de ensino superior no Haiti;
b) Propiciar a realização de graduação sanduíche de estudantes haitianos em instituições de ensino superior brasileiras;
c) Apoiar as instituições de ensino superiores brasileiras que mantêm cursos de português para estrangeiros, por meio de concessão de recursos de custeio de modo a operacionalizar a chegada de grande número de estudantes haitianos. As IES deverão apresentar plano de trabalho com a previsão de número de estudantes que poderão ser acolhidos naquela instituição e calendário escolar para o ensino da língua portuguesa, principalmente nas primeiras turmas, tendo em vista a chegada dos primeiros estudantes no primeiro semestre de 2010.
d) Conceder bolsas de graduação e pós-graduação, nos moldes do Programa Estudante Convênio de Graduação e Pós-Graduação, PEC-G e PEC-PG, respectivamente, para estudantes haitianos;
e) Contribuir para reestruturação das instituições de ensino superior haitiana, por meio do envio de professores brasileiros em nível de pós-doutorado para  ministrar aulas nas universidades haitianas.

A iniciativa assim como a atenção que a acompanhou têm sido ótimas, pois foi uma grande oportunidade oferecida pelo Governo brasileiro aos estudantes haitianos de poder estudar nas universidades estrangeiras. Isso é normalmente prestigioso. Porém, a expectativa foi diferente e quando começa-se a analisar o conteúdo e a finalidade de um tal programa,  cada um começou a se convencer que não valia a pena vir aqui para perder tempo. A situação acadêmica e socio-econômica de cada um foi completamente diferente e isso acabou de cria conflitos de interesse. Geralmente o estudante haitiano recebe uma bolsa de estudo completa de uma agência internacional qualquer seja o nível, graduação ou pós-graduação (mestrado ou doutorado), então fazer parte de um programa com única duração de 18 meses sem ter a garantia de um diploma valido é uma loucura, diziam os haitianos. Portanto, esse sentimento começou a criar frustrações entre os haitianos, e a CAPES assim como a Unicamp deveriam intervir para resolver os problemas e as dúvidas dos haitianos. As frustrações começaram a aparecer a partir dos primeiros três meses após a chegada dos haitianos ao Brasil. Antes de abordar esse aspecto muito interessante, é importante salientar a minha situação acadêmica no Haiti antes de chegar ao Brasil para acrescentar o que estava dizendo sobre o programa Pró-Haiti em relação ao nível de cada estudante haitiano escolhido no âmbito desse programa.

3- Minha situação acadêmica antes de chegar ao Brasil

No momento que o terremoto aconteceu, eu estava na Escola Normal Superior, uma das unidades da UEH cuja a missão é formar professores par o ensino superior. Com efeito, nesse dia mesmo de terça-feira de 12 de janeiro de 2010, após o encerramento às 16h15 de uma disciplina que o professor Fritzner Étienne estava administrando numa sala que se encontra no segundo andar do prédio, à qual eu estava assistindo, eu ficava nessa mesma sala  com alguns colegas para estudar, após a saída da maioria dos estudantes que assistiram também à essa mesma disciplina. Trinta minutos depois, seja às 16h45, o Haiti conheceu a tragédia mais terrível de sua historia desde 150 anos. Felizmente, graças a Deus, consegui sair desse lugar sem ter sido machucado, mas dois outros alunos estão mortos ao meu lado e um outro foi gravemente machucado. Entre agosto e setembro o programa Pró-Haiti foi publicado no site da Embaixada Brasileira no Haiti, e as inscrições deveiam ser encerradas em 30 de outubro de 2010. Cada dia teve uma multidão imensa de estudantes haitianos perante a Embaixada e o Centro Cultural Brasil-Haiti que se encontram ambos em Pétion-Ville, uma cidade ao nordeste da capital Porto Príncipe, na meta de entregar seus documentos de candidatura para bolsa de estudo. No momento de inscrever e de entregar os meus documentos, eu estava convencido que ia ser escolhido para o Mestrado. Nessa época, isto é, a partir de julho de 2010 eu já tinha terminado a minha graduação em Ciências Sociais na Escola Normal Superior[3] (ENS), porém o edital da CAPES do programa Pró-Haiti saiu em agosto, então no momento da publicação desse edital, também no espaço de tempo para se candidatar nesse programa, eu não era mais um aluno de graduação. Por outro lado, na minha formação acadêmica, eu já tinha uma licencia em Língua Francesa,  tinha completado quatro anos de estudo em Direito e estava preparando a minha dissertação pela obtenção de diploma em Direito na Faculdade de Direito e Ciências Econômicas[4], uma das entidades da UEH. Com efeito, em agosto de 2010 matriculei num curso chamado Mise à niveau en vue d´une Maîtrise en Géographie ou en Histoire[5], administrado pela ENS em parceria com a Université Paris8, esse curso foi chamado também Mestrado Paris8. Em outras palavras, esse curso com duração de um ano tem como objetivo de preparar o aluno para entrar no programa de Mestrado em Geografia ou em História. Nesse sentido, de agosto de 2010 a julho de 2011 eu já comecei a cursar o Mestrado em Geografia. Porém, entre julho e agosto de 2011, após quase um ano de espera, recebi uma ligação da Embaixada do Brasil no Haiti dizendo que eu fui beneficiário de uma bolsa do governo brasileiro, a minha alegria foi imensa, e desde então começaram todos os procedimentos necessários da implementação da bolsa até que eu chegue ao Brasil em 8 de agosto de 2011 na madrugada. Normalmente, o programa Pró-Haiti/PEC-G[6], « graduação sanduíche » não foi concebido para mim. De uma certa maneira, eu fui enganado sobre o conteúdo do programa e também sobre o funcionamento do sistema acadêmico brasileiro. Não somente, o programa Pró-Haiti/PEC-G não é para cursar o mestrado que é um outro programa chamado PEC-PG[7], mas sobretudo, o mestrado no Brasil é de dois anos ao menos, alias o processo de seleção é diferente. Como na França, na Espanha, um diploma de mestrado pode ser obtido em um ano de estudo, eu pensei que deveria ser a mesma coisa aqui no Brasil, então meu raciocínio foi construído assim: como o programa é de 18 meses, ou seja, um ano meio, então os primeiros seis meses serão consagrados à aprendizagem do português a fim de facilitar uma melhor aptidão linguística, e os outros 12 meses serão para cursar o Mestrado. O meu raciocínio foi completamente errado. Assim, por causa de falta de informações adequadas dizem respeito ao programa PEC-G ou PEC-PG, assim como ao funcionamento do sistema educacional brasileiro eu estava profundamente confundido ao candidatar nesse programa Pró-Haiti, e fiquei pensando que  a minha aceitação como bolsista da CAPES no âmbito do programa foi para cursar o Mestrado. Outros alunos haitianos do programa que se encontraram na mesma situação do que eu, fizeram o mesmo raciocínio.


Segunda Parte: O ambiente social e acadêmico na Unicamp

1- Recepção dos haitianos e a primeira atmosfera social na Unicamp

O programa Pró-Haiti previu 500 bolsas de estudo para os estudantes haitianos entre as quais só 89 foram concedidas. Em 8 de agosto de 2011, o primeiro grupo composto de 76 alunos chegou ao Brasil na madrugada e foi recebido por duas pessoas: Johana Lopez da Hora, uma brasileira  que ia desempenhar um papel de tutora e intermediária muito importante entre os haitianos e os responsáveis da Unicamp, e Berhman Garçon o nosso primeiro intérprete que nos encontrou, ele é também um haitiano. Os outros 13 alunos deveriam chegar nos dias seguintes. Desse número de 89 alunos, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) recebeu a maioria, seja 45, em segundo lugar vem a Universidade Federal de Santa Catarina onde foram dirigidos 32, e os outros foram repartidos assim: 7 na Universidade Federal de São Carlos e 5 na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Na história do Brasil, é a primeira vez que um grupo tão numeroso de estudantes haitianos e, de uma maneira geral, de estudantes estrangeiros, vêm no Brasil para estudar. Por outro lado, numa esfera social mais fechada, é a primeira vez que um tal grupo de estudantes estrangeiros se faz sentir na Unicamp, na sua história nunca isso não aconteceu. Já, nesse sentido, de uma certa maneira, a presença desse grupo de haitianos produziu uma mudança na história universitária do Brasil, particularmente a Unicamp e ocasionou um grande impacto sobre a natureza das relações que o Brasil mantém com o Haiti. Uma semana depois, a Unicamp organizou uma grande festa de recepção para os haitianos e teve um ambiente social de amizade e de respeito agradavelmente perfeito e inesquecível.

Depois de ser instalado pela Johana e pelo Berhman numa moradia república em companhia de outros colegas haitianos, onde fiquei cinco meses antes de mudar para um outro lugar, com o apoio da Joana, de um lado, deveria regulamentar a minha presença perante as instituições estatais brasileiras, principalmente a Policia Federal, do outro lado, na Unicamp de ponto de vista acadêmico. Durante essa toda intermediação, devo sublinhar também no grupo de intérpretes a presença de Pierre Philippe Cajou, um haitiano, e a de Joel, um congolês. Além dessas pessoas acima citadas, há um personagem muito importante que é um dos professores da Unicamp que participou na concepção e na elaboração desse programa, trata-se do antropólogo Omar Ribeiro, a contribuição dele para a concretização desse programa foi incomparável. Ele tem vários trabalhos de pesquisa sobre Haiti e conhece muito bem a história, a cultura e a realidade social, política e econômica do país. Os haitianos tinham alguns encontros com ele para entender melhor a finalidade do programa, a história e o sistema do Brasil, e lhes deu outros conselhos a serem seguidos quando for necessário. Paralelamente, a Unicamp organizou algumas atividades culturais para a satisfação dos haitianos entre as quais posso citar essa famosa e inesquecível excursão na cidade de São Paulo. Enfim, a atmosfera de alegria do ponto de vista cultural, social e acadêmico foi, principalmente, marcada pelo nosso encontro com o Reitor da Unicamp Prof. Dr. Fernando Costa, o Pró-Reitor da Graduação Prof. Dr. Marcelo Knobel, o Presidente do Consulado Geral do Haiti em São Paulo Sr. George S. Antoine. Outros personagens muito importantes da Unicamp foram presentes nesse evento, entre os quais gostaria de citar, o professor Omar Ribeiro, as Senhoras Zilda Aparecida e Eliana Amaral, sem esquecer a presença da Imprensa brasileira, particularmente o Jornal da Unicamp.

2- Minha situação acadêmica durante seis meses no Brasil (agosto até dezembro de 2011)

A partir de 15 de agosto de 2011, de acordo com o calendário das atividades da Unicamp, as aulas de Português começaram no CEL (Centro de Ensino de Línguas), órgão da Unicamp cujo o objetivo é ensinar a língua portuguesa a todos estrangeiros e outras línguas estrangeiras como Francês, Alemão, Italiano, Inglês, Espanhol, etc., aos estudantes de graduação e de pós-graduação da Unicamp. Passei lá, como foi previsto no programa, exatamente seis meses. Com os professores qualificados e um método prático rápido, supostamente bem concebido para todos os estrangeiros, a aprendizagem do Português foi ao mesmo tempo eficiente e excelente. Eu tive quatro professores: dois titulares (Luiza e Gabriel), duas tutoras (Renata e Luisa) e 12 horas de aulas por semana. A tutoria é dividida em tutoria individual e tutoria sob a forma de aula normal a fim de corrigir as tarefas. Uma outra vez, os estudantes haitianos demonstraram que eles são verdadeiramente super inteligentes, pois após só um mês a quase maioria dentre eles, em particular eu, podia manter uma conversa de nível intermediário, e praticamente não precisava mais de nenhum intérprete. Durante esses seis meses eu tinha que me consagrar unicamente às duas atividades socio-acadêmicas: aprender o português e fazer um curso de educação física na Casa do Lago. Quereria dizer antes de encerrar esse ponto que, com a competência dos professores do curso de português e minha aptidão, eu consegui passar o exame do CELPE-BRAS em nível Intermediário Superior.

3- A primeira iniciativa coletiva dos Haitianos

Na perspectiva de se organizar e de poder defender seus direitos, os estudantes haitianos tinham uma ideia fantástica : criar uma associação que deveria ser chamada Association des Étudiants Haitiens au Brésil (Associação dos Estudantes Haitianos no Brasil) com o sigla A.E.H.B. O resultado dessa tentativa de uma primeira iniciativa coletiva foi horrivelmente catastrófico, foi uma decepção total. Com efeito, durante vários debates e encontros, infelizmente, os haitianos não conseguiram a achar uma solução em torno da importância e da finalidade de uma tal iniciativa, nem a se concordar sobre os objetivos principais e secundários que deveriam reger a associação. A grande maioria dos encontros foi um insucesso completo, não somente para os haitianos presentes no Brasil, mas, de uma maneira geral,  para o Haiti, pois cada vez que um grupo de haitianos presente num país estrangeiro não conseguiu a se entender, é a imagem do país que está afetada. Esse comportamento tende a demonstrar que, no Haiti assim como fora do Haiti, os haitianos são completamente incapazes de se organizar. Como consequência, nasceu um modo de vida muito isolada entre os haitianos, ou seja, cada haitiano se interessa a si mesmo, se preocupa si mesmo,  os interesses coletivos não existem, existem unicamente os interesses individuais. A situação do outro não há importância por ninguém. Cada um tem seu próprio universo fechado sobre si mesmo. Gostaria de tomar, para exemplificar esse aspecto, o falecido do pai de Dieumettre Jean no Haiti. Com efeito, Dieumettre Jean é um aluno haitiano de graduação do programa Pró-Haiti, ele chegou ao Brasil no mesmo grupo do que eu, ele está estudando a Linguística no Instituto de Ensino de Línguas (IEL) da Unicamp. Um dia, ele recebeu uma mensagem dizendo que seu pai faleceu, mas ele não podia ir para o Haiti a fim de assistir às obsequias do seu pai, porque ele não tinha dinheiro suficiente para comprar uma passagem que, aliás, é muito cara, ou para enviar dinheiro a sua família a fim de ajudá-la nas despesas mesmo se ele for ausente. Individualmente, ninguém não podia apoiá-lo, porém, se tivesse essa forca coletiva, esse sentimento de solidariedade, se todos os interesses individuais fossem convergidos em conjunto, enfim, se tivesse verdadeiramente, como é cantado em nosso hino nacional, a união faz a força entre nós, haitianos, teríamos devido haver possibilidade econômica para ajudar o nosso colega a enfrentar esse momento difícil. Foi o preço a pagar para a nossa divisão por causa da qual nós perdemos muitas vantagens. Alguns de nós cujos eu, tentaram  várias vezes reiniciar a iniciativa, mas sem sucesso. Na minha análise, existem várias causas que poderiam explicar essa decepção. Para poder identificá-las, vou de geral ao particular.

De uma maneira geral, a primeira causa se encontra na construção social do Haiti. Com efeito, no inicio do século XIX o país surgiu da independência em um contexto historica e sociologicamente muito difícil, isto é, após as guerras da independência, os dirigentes haitianos não conseguiram concordar sobre um plano nacional para desenvolver o país. Cada grupo queria ter acesso ao poder, o que gerou uma luta de classes entre os mulatos e os negros. Desde então, o mal entendimento faz parte da cultura política haitiana. Esse mal entendimento é, na minha opinião, a causa principal da pobreza do Haiti e, se não é resolvido, será sempre o grande obstáculo ao seu desenvolvimento. Então, a sociedade haitiana é construída sobre esse mal entendimento que não foi jamais corrigido.  A falta dessa correção faz que esse mal entendimento se torna normal e se construiu um lugar na nossa maneira de pensar. Nesse sentido, partindo dessa causa fundamental podemos compreender essa grande dificuldade que impede os haitianos se organizar e isso se torna cada vez mais forte mesmo se foram no exterior. Tal é a realidade que estamos vivendo agora. Infelizmente, tenho como a impressão que o verbo Organizar não existe no vocabulário haitiano nem faz parte do seu universo social e cultural. É essa incapacidade dos haitianos para se organizarem que traduz a atitude isolada de cada um de nos. 
Em segundo lugar, quero acrescentar dizendo que a capacidade de se organizar em grupo requer um sistema de pensamento construído para se acostumar com a contradição, isto é, a opinião contrária do outro, mas o haitiano não tem essa cultura de viver e de evoluir com o outro num sistema de contradição, e isso pode ser considerado como uma das grandes cicatrizes da ditadura. Porém, parece que só faz exceção dessa regra o sistema jurídico haitiano onde a contradição é aceita. O sistema jurídico haitiano, apesar de seus esforços para consolidar essa cultura de contradição, às vezes, ele é obrigado de exercer uma pressão sobre a opinião popular para impor esse sistema de contradição. Mas se só o campo jurídico é deixado de fora, então todas as outras esferas sociais haitianas, a igreja, por exemplo, não aceitam a contradição, em resumo, podemos dizer que o problema é de natureza social. Contudo, a tese de ditadura é um pouco insuficiente para caracterizar essa grande falta intelectual, pois existem outras sociedades que conheceram um período de ditadura mais feroz do que a do Haiti, mas conseguem hoje  a estabelecer um sistema democrático que prioriza o debate aberto e a contradição, o Brasil e a Argentina, por exemplo. Só uma cultura de democracia possa garantir e tolerar  a contradição, isso quer dizer explicitamente que Haiti ainda não está realizando a sua experiência democrática. Em terceiro lugar, eu gostaria de sublinhar como última causa a recusa do haitiano de se deixar dirigir, ou seja, o haitiano não aceita ser dirigido, ele não gosta de ordem. Geralmente, para que um haitiano possa se mostrar moralmente forte e grande, ele diz: ''Eu não tenho chefe. O sou o chefe de mim mesmo''. Em um grupo, por exemplo, tudo haitiano quer ser chefe. O haitiano não se confia em ninguém tampouco em si mesmo, ele vê tudo mundo como ele, ele define cada um como ele. Enfim, tal é, em parte, a descrição do sistema de pensamento do haitiano de um ponto de vista psicológico e sociológico. O ser sociologicus haitiano é anti-organização. É assim que pode-se traduzir a essência da sociedade haitiana.

Além das causas gerais, gostaria de acrescentar a minha analise com as causas particulares dizendo que os haitianos tendo tomado essa iniciativa, não sabiam aonde queriam ir. Com efeito, posso dizer que na partida, de um lado, os estudantes haitianos não reconheceram o valor e a importância dessa iniciativa coletiva, e os frutos maravilhosos que ela poderia gerar e trazer, então não tomaram o tempo suficiente para refletir cuidadosamente sobre ela. Em outras palavras, eles se deixaram dirigir por seus instintos e não tinham concordo sobre o que eles precisavam efetivamente. Por outro lado, faltavam um objetivo e uma visão comuns, e teve também uma ausência total de liderança, ou seja, alguém capaz de motivar e estimular os haitianos para levá-los a materializar uma visão coletiva. Enfim, de uma maneira geral, o problema de organização dos Haitianos como eu coloquei é de ordem social, pois a sociedade transmite seus valores e suas normas a cada individuo, onde estiver ele é um reflexo da sociedade, digamos como Durkheim, uma parcela, um fragmento da sociedade, ele é a sociedade individualizada. Portanto, ele traz também o problema que está sofrendo a sociedade em geral nas suas iniciativas particulares. Então, no caso dos haitianos no Brasil, para compreender melhor as causas do seu insucesso, tem que questionar a estrutura da sociedade haitiana, ela é o primeiro ator responsável da causa desse problema e é nela mesmo que tem que buscar o significado desse comportamento dos haitianos. Acredito também que esse problema de organização é devido ao comportamento individual e à educação pessoal que cada um recebeu na sua família e no seu meio ambiente social e cultural.

Porém, não poderia fechar esse ponto sem ressaltar que, apesar desse grande problema de organização entre os haitianos, individualmente, cada aluno haitiano tem um amor imenso, profundo e incomparável para o Haiti. Uma festa nacional é suficiente para mostrar a manifestação desse grande amor. A festa nacional é uma excelente ocasião de encontro entre os alunos haitianos que se afastam uns dos outros para colocá-los juntos, a fim de discutir e exprimir a amizade. Às vezes, parecia difícil alcançar esse objetivo. Apesar da distancia que os afasta do país, eles ficam agarrados a seus valores e a sua cultura. Mas para mim, se esse amor tão grande e profundo for exprimido de uma maneira coletiva, em outras palavras, se uma ação coletiva for criada para exprimir esse amor, seria maravilhoso. Pois, em coletividade, não somente, faríamos poucos esforços para realizar grande projeto, mas sobretudo, com a forca coletiva, vários projetos teriam podido ser concretizados com mais eficácia. Uma outra qualidade que acho que é importante em haitianos é a grande importância que eles concedem a seus estudos, eles são muito corajosos e super motivados. Esse comportamento traduz a cede e o orgulho de conhecimento. Em resumo, apesar de tudo isso, se quiser-se uma solução para o problema de organização dos haitianos, esta deve ser passada primeiramente por uma revolução do pensamento haitiano, pois desde a revolução física que leva à independência, falta até hoje a revolução do pensamento da qual deverão sair as revoluções social, política e econômica.

4- Situação socio-acadêmica e dúvidas de caráter institucional (dezembro de 2011 até fevereiro de 2013)

Na verdade, após cerca um mês e meio do inicio das aulas de português, a má interpretação do conteúdo do programa Pró-Haiti criou um atmosfera de conflito entre os haitianos, o que ia ser comunicado à Unicamp e à CAPES. Com efeito, em dezembro de 2011 terminou praticamente o curso de língua portuguesa, os alunos haitianos deveriam se preparar a fim de se matricular nas disciplinas isoladas sob o regime de aluno especial. Em novembro de 2011, os conflitos aumentaram, em consequência, uma reunião foi organizada com o professor Omar Ribeiro cujo o objetivo é identificar os alunos que querem continuar com o programa e os que querem voltar para o Haiti. A grande maioria tinha escolhido permanecer no programa. Todavia, é importante sublinhar que nesse grupo de uma quarentena de alunos, existem três categorias. A primeira categoria é composta pelos alunos que tinham entrado em primeiro ano de estudo numa universidade haitiana pública ou privada, a segunda categoria tem aqueles que estavam quase prontos para concluir a graduação desde no Haiti, enfim, na terceira categoria encontramos os alunos que já concluíram a graduação desde no Haiti. Tal é a origem desse conflito de natureza acadêmica. Uma das consequências da reunião de novembro que se terminou com muitas dificuldades, foi a ruptura definitiva da tentativa dos haitianos de criar a associação, embora desde no inicio essa tentativa nunca se tenha concretizado. Entre janeiro e fevereiro de 2012, os alunos haitianos têm devido se matricular na graduação, porém três dentre eles se cursaram disciplinas eletivas na Pós-graduação, trata-se de Francky Altinéus em Geografia, de Alphonse Fritznel em Educação e de eu em Sociologia. A partir desse momento a tensão estava um pouco diminuindo por causa de estudo, todavia isso não impediu que as negociações continuassem entre a Unicamp e a CAPES.  De um ponto de vista geral, as demandas dos alunos haitianos podem ser resumidas em dois objetivos. De um lado, os alunos de graduação querem terminar seus estudos para voltar para o seu país com um diploma mais válido, do outro lado, os que já concluíram a graduação desde no Haiti, como eu, mas escolheram com error esse programa, se interessam a fazer o Mestrado. Para chegar a tudo isso, existe uma única alternativa geral e comum a tudo mundo: mudar o regime estudantil do aluno, ou seja, passar de aluno especial para aluno regular de acordo com as regras da Unicamp. Porém como chegar a realizar esse procedimento? Como chegar a um resultado satisfeito no sentido da burocracia brasileira que está muito forte? A batalha não foi fácil.

Com efeito, nessa situação, a Unicamp desempenhou um papel institucional muito interessante e importante. Vários encontros foram organizados entre a Unicamp e os alunos haitianos na meta de explicar a complexidade do processo, esclarecer algumas dúvidas e ensinar o caminho a seguir para se tornar aluno regular, pois o objetivo principal da Unicamp é garantir um melhor ambiente educacional e socio-cultural aos haitianos a fim de que eles possam ter um estudo com sucesso maravilhoso. Nesse sentido, gostaria de especificar a contribuição e o apoio do Pró-Reitor de graduação Marcelo Knobel e das senhoras como Zilda Aparecida, Diretoria Adjunta da Direção Acadêmica (DAC), Eliana Amaral, Assessora da Pró-Reitoria de Graduação, e Maria de Fátima, Assessora da Pró-Reitoria de Pós-Graduação. Nesse contexto, eles se mostraram motivados a apoiar os estudantes haitianos e, os haitianos também, no seu lado, se mostraram muito determinados. Em junho terminou o primeiro semestre, mas nenhuma resposta da CAPES e nem da Unicamp não saiu para saber se realmente a situação vai mudar. A partir desse momento tudo mundo estava começando a duvidar, mas ninguém não desesperava. Tudo mundo ficou pensando que o resultado não vai ser rápido nem não é tão fácil como percebe-se. Como esperava-se, a resposta não saiu antes do fim do primeiro semestre. Então, tem que continuar a estudar aguardando um resultado satisfeito.

De uma certa maneira, o problema não foi simples, gradualmente que estamos enfrentando esse problema, entendemos que, além da implicação institucional da Unicamp e da CAPES, ele necessitava a intervenção de diferentes outros atores como o Ministério das Relações Exteriores, a Embaixada do Haiti em Brasília, a Policia Federal. Todos esses atores precisariam se colocar juntos para chegar a uma solução ao problema dos alunos haitianos tanto na Unicamp como nas outras universidades brasileiras que os receberam no âmbito do programa Pró-Haiti, pois a luta e os desejos se tornaram gerais. Com efeito, o visto Temporário IV concedido pela Embaixada Brasileira no Haiti aos estudantes haitianos tem uma validade de um ano, ou seja, de agosto de 2011 até agosto de 2012. Para que os haitianos possam permanecer seus estudos no Brasil, é preciso prorrogar a estadia deles no país, então o problema de prorrogação do visto se torna crucial e imprescindível. Entretanto, a partir de julho de 2012, a Unicamp ajudou os alunos haitianos a renovar seu visto na Policia Federal por um período de seis meses, enquanto as negociações se perseguiram entre Unicamp e CAPES e todos os outros atores acima mencionados. Mas, apesar disso, o mal entendimento permanece entre os haitianos que não conseguiram mais a se organizar ou reorganizar. Paralelamente, entre agosto e dezembro de 2012 a Unicamp abriu as inscrições do processo seletivo para ingressar o Mestrado em fevereiro de 2013. O grupo de alunos que desejaria fazer o Mestrado se tem composto a partir do segundo semestre de agosto de 2012 de 7 pessoas, elas iam participar nesse processo. Felizmente todos conseguiram ingressar o Mestrado, cada um em que diz respeito a seu programa respectivo. É importante sublinhar que, de um lado, do ponto de vista acadêmico, a Unicamp já está pronta a favorecer os alunos haitianos de graduação que poderão terminar seus estudos, e os que querem cursar o Mestrado mediante que eles conseguissem o Processo Seletivo. Do outro lado, do ponto de vista financeiro, a CAPES também está pronta a financiar o estudo dos alunos haitianos. Mas, antes disso, o problema colocado pela burocracia brasileira precisa ser resolvido, principalmente, a questão da prorrogação da estadia que, normalmente, depende da renovação do visto, se não nada não vai adiantar. 

5- Resultado das dúvidas

Existe um provérbio francês que diz o seguinte: "La patience est amère, mais son fruit est doux"[8], acho que no caso dos haitianos é exatamente essa expressão que cabe usar, mas alguns de nos que não tinham essa paciência, decidiram voltar para o Haiti abandonando o programa, cada um por um motivo diferente. Com efeito, o resultado da Unicamp e o da CAPES demoram, mas chegaram positivamente e tudo mundo foi feliz. Os alunos especiais de graduação tornaram-se regulares tendo obtido a bolsa de estudo da CAPES cada um para um período diferente depende do número de anos que faltam para concluir a graduação. Cinco outros alunos especiais conseguiram também entrar no programa de pós-graduação em nível de mestrado com a manutenção da bolsa da CAPES/Mestrado-Pró-Haiti. No fim de janeiro de 2013, um acordo foi encontrado entre a Embaixada do Haiti em Brasília, a CAPES e o Ministério das Relações Exteriores aos termos do qual os estudantes haitianos têm obtido a permissão de permanecer no país para os fins de estudo. Assim, o protocolo que deveria ser vencido em janeiro de 2013 foi prorrogado até agosto do mesmo ano, então o prazo de estadia vai até agosto de 2013, a qual estadia será novamente prorrogada para um ano. Enfim, as situações social, acadêmica, econômica dos haitianos são agora definitivamente regularizadas.  

6- As minhas atividades acadêmicas na Unicamp (março de 2012 até junho de 2013)

Em dezembro de 2011, após o fim das aulas de português cujo o objetivo é oferecer uma capacitação linguística mais adequada e suficiente para conversar e entender melhor os professores na administração das aulas, entrei no programa de Pós-Graduação em Sociologia me matriculando, entre fevereiro e março de 2012 do primeiro período letivo, em três disciplinas sob o estatuto de estudante especial, a saber, Teoria Sociológica II com o professor Pedro Ferreira, A questão agrária na teoria sociológica administrada pelo professor Fernando Lourenço, e Teoria Social e Ambiental com a professora Leila Ferreira. As aulas começaram em março. Felizmente consegui essas três disciplinas com a nota A para as duas primeiras e com a nota B para a última. Em agosto do mesmo ano começou o segundo semestre, eu fiz de novo três matérias, a saber, Seminário da Dissertação administrada pela professora Gilda Gouvea, Sociologia Urbana com a professora Arlete Moises Rodrigues, e Sociologia da Cultura, curso cujo o professor titular é o meu orientador Renato Ortiz. Para todas essas disciplinas, obtive a nota A. Paralelamente, entre julho e dezembro de 2012, eu deveria preparar, de um lado, o processo seletivo para ingressar o Mestrado como aluno regular em 2013, do outro lado, me candidatar para bolsa PEC-PG do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico) a fim de ter o financiamento econômico. Consegui o processo seletivo do IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas) cujo o resultado saiu em dezembro, só faltava o do CNPq que teria devido sair em dezembro, porém foi adiado para fevereiro de 2013. Felizmente em fevereiro o resultado saiu positivo para mim. Durante tudo o período de estudo, ou seja, de agosto de 2011 até o primeiro pagamento da bolsa PEC-PG/CNPq em abril de 2013, eu fiquei bolsista da CAPES no âmbito do programa Pró-Haiti. Portanto, desde março de 2013, do ponto de vista de apoio econômico, é o CNPq que está me apoiando financeiramente. No primeiro semestre, em março de 2013, comecei as aulas sob o estatuto de aluno regular tendo escolhido duas disciplinas, uma com o meu orientador o professor Renato Ortiz, Estudos Dirigidos em Cultura I, e a outra com a professora Gilda Gouvea, Método de Investigação Social. Consegui essas disciplinas com a nota A. As matérias feitas como aluno especial foram aproveitadas para o Mestrado de acordo com as regras da Unicamp. Agora estou preparando a minha dissertação.

7- Minha própria analise dessa experiência vital

A vida em si mesma é composta de fases ao mesmo tempo ruins e boas, de momentos altos e baixos, simples e complexos, fáceis e difíceis. As fases boas podem trazer também muitas dificuldades, então tudo não é sempre maravilhoso. Contudo, qualquer seja a natureza da fase, ela tem sua própria utilidade na vida. Para ter sucesso, tem que sofrer lutando. Melhor morrer lutando do que morrer sem fazer nada. Para conseguir a vitória numa batalha, tem que lutar muito. Enfim, nada não é fácil nessa vida. De um ponto de vista geral, o estudante, após seu colégio, está procurando entrar numa universidade. No Haiti, como no Brasil, e em qualquer pais do mundo, entrar numa universidade pública não é nunca fácil, porque a demanda é sempre superior à oferta. Segundo, geralmente as  universidades públicas são reconhecidas pelas suas formações de alta qualidade, e mais fiáveis do que as recebidas nas universidades privadas. Terceiro, a universidade pública totalmente gratuita, é, particularmente, reservada às pessoas que pertencem às classes pobre e média. A educação é o único caminho para facilitar, não somente, o desenvolvimento de um pais, mas sobretudo, a realização dos sonhos de quem tiver. Somente pela educação que alguém possa elaborar e construir seus próprios objetivos, se tornar uma pessoa intelectualmente educada, valorosa e útil na sociedade. Eu não sei se é a mesma coisa para os estudantes brasileiros, mas no caso do Haiti, os estudantes haitianos estão sempre procurando muitas bolsas de estudo no exterior, principalmente nos Estados Unidos, no Canadá, na França, na República Dominicana. Cada ano, o governo haitiano recebe mais que 500 bolsas de estudo da França a serem distribuídas entre os estudantes por ordem de mérito. O aluno pode fazer também sozinho o seu pedido mediante uma publicação oficial no site, como foi o caso do governo brasileiro. Nesse sentido, os olhos de um estudante haitiano estão sempre fixados para o exterior no objetivo de procurar uma melhor formação acadêmica. Acho que é objetivo de cada aluno, qualquer seja sua nacionalidade, de estudar numa universidade estrangeira, porque trata-se de uma das grandes oportunidades de ter um intercâmbio cultural, ou seja, um cruzamento de cultura. É o momento também para que o aluno possa vender a cultura, os valores sociais, enfim, a imagem verdadeira do seu país. Pois, a internet, os livros, os documentários, só permitem ter uma ideia restrita do país, mas não ajudam suficientemente a ter uma visão global do que é a verdadeira vida de lá. Geralmente trata-se de uma imagem que é totalmente diferente da realidade, ou seja, um espelho no qual alguém está olhando virtualmente o pais, mas se ele estiver presente fisicamente nesse pais, ele vai constatar o contrário do que ele viu na internet. Estudar numa universidade estrangeira tem, em geral, mais ou menos, uma dupla vantagem: a diversidade cultural e a compartilha do conhecimento entre várias nações. Os outros efeitos dependem da meta de cada pessoa. Para mim, é uma das experiências mais importantes da minha vida, estou aproveitando-a para representar também legitimamente o meu país e, em particular, cada cidadão haitiano que ainda não tem essa oportunidade. Em outras palavras, para mim, no sentido de uma visão pessoal, para o meu país que precisa cada vez mais de competências, essa experiência é muito vantajosa.  Eu não devo falhar, pois a minha falha estará a da minha família, a de vários jovens que gostariam de estar no meu lugar e, em geral, a do meu país ao qual eu devo um apoio no âmbito do seu desenvolvimento. Embora muitos estudantes haitianos estejam procurando bolsas de estudo num pais exterior, porém poucos dentre eles conseguiram a obtê-las. É muito difícil. Cada bolsista haitiano num pais estrangeiro, qualquer seja o seu nível, representa pelo menos 10.000 haitianos.  Na minha concepção, é verdade que o país é pobre e a misera faz fugir as pessoas, a situação é muito difícil, todavia acredito que só um espírito de iniciativa possa resolver o problema de misera de cada um. Para mim, um bolsista haitiano que, após o fim do seu estudo, não volta para servir o seu país, fará sofrer cerca 70 % da população de um país no qual os trabalhadores profissionais e qualificados faltam cada vez mais e 70 % da população é analfabeta. O governo brasileiro, particularmente a CAPES e o CNPq me abriram o melhor caminho da minha vida para poder oferecer uma melhor vida à minha família e um melhor serviço ao meu país, para ser também um ator eficiente para o mundo principalmente para o Brasil se precisar da minha contribuição a fim de lhe expressar todo meu reconhecimento. Tal é essa ocasião importante que estou aproveitando nessa experiência acadêmica além da questão de intercâmbio cultural. Uma das melhores universidades do Brasil e da America Latina, a Unicamp é composta de um corpo de professores perfeitamente qualificados e reconhecidos na escala internacional. A motivação dos alunos, o excelente nível acadêmico exigido pelos professores, a abordagem altamente científica e intelectual, a competência dos professores, o brilhantismo das pesquisas, enfim, a qualidade do ensino que prevalece na Unicamp, por tudo isso, vale a pena dizer que a Unicamp desempenhou um papel muito importante na minha vida. Enfim, nessa experiência vital, eu apreendi muito : compreender melhor os brasileiros, a cultura brasileira, viver numa outra atmosfera socio-cultural, saber verdadeiramente como alguém tem saudade de sua família, conhecer e enfrentar a realidade de viver longe da família inclusive seus efeitos, suas consequências ruins e boas, saber o que é o racismo e o racismo camuflado[8] entre as nações e os cidadãos de um mesmo país, comparar a vida estudantil haitiana e a do Brasil; nesse sentido, não há grande diferencia entre ambas, só faltam, no sistema universitário haitiano, a estrutura e a organização, acrescentar a minha capacidade linguística, entender melhor a realidade de estudo numa universidade estrangeira, entender como os haitianos vivem entre eles quando estiveram em terra estrangeira, etc. Sobre esse último ponto, quero acrescentar que essa experiência me permite compreender que o problema de organização dos haitiano é profundamente haitiano, ou seja, em qualquer lugar que eles se encontram, os haitianos serão sempre incapazes de se organizar para realizar um sonho ou um projeto comum. Como eu já disse num parágrafo anterior, os haitianos não podem se organizar porque todos querem se tornar chefes, um tem medo do outro, não existe confiança entre os haitianos. Mas, apesar de tudo, é uma grande honra de ser um embaixador no exterior para o meu pais, estou muito orgulhoso, apesar das coisas ruins que aconteceram. Na minha vida, as coisas ruins são muito importantes e sempre úteis. Elas me permitem adquirir competência, maturidade, sabedoria e inteligência. Eu estou costumado a dizer sempre que as coisas ruins têm sua razão de estar, só tem que aproveitar delas para apreender melhor da vida. E em verdade só Deus soube quantas coisas eu apreendi desde que eu estou aqui no Brasil, pelo menos 10 coisas por dia. Essa experiência acadêmica é uma das melhores etapas da minha vida.


Terceira Parte: As atividades culturais e turísticas

1- Uma Jornada na cidade de São Paulo

No âmbito da sua missão de desenvolvimento cultural e turístico, a Unicamp por seu órgão respectivo, e pela intermediação da Joana, organizou várias atividades culturais e turísticas entre as quais gostaria de enfatizar pelo menos duas. Com efeito, em primeiro lugar, em setembro de 2011, a Joana levou os haitianos para a cidade de Campinas a fim de assistir aos desfies dos soldados brasileiros na ocasião da comemoração da independência do Brasil. Adorei muito esse momento. Sobre a iniciativa dela, os haitianos visitaram outros lugares interessantes do Brasil como, por exemplo, o Shopping Dom Pedro, o maior shopping do Brasil e também da America Latina. Em segundo lugar, em novembro de 2011, a Unicamp organizou uma jornada aos cuidados dos estudantes haitianos. Foi um momento muito atrativo em conhecer alguns lugares turísticos mais relevantes de São Paulo como a Catedral, o Museu da Língua Portuguesa, o Museu da Arte Afro-Brasileira e outros. O São Paulo, situado na região Sudeste, é reconhecido como uma das unidades mais ricas do Brasil. Após visitar esses pontos, os organizadores desse evento nos levaram, a noite, a uma das melhores escolas de Samba que, no momento, estava preparando o seu carnaval de fevereiro de 2012, foi fantástico em admirar a dança típica brasileira e participar também nesse momento de preparação.  Assim, o acompanhamento acadêmico e o papel da Unicamp no aperfeiçoamento socio-cultural dos alunos haitianos são incomparáveis.
As fotos seguintes podem testemunhar desses principais eventos:Dia da Independência do Brasil

 Museu da LínguaPortuguesa
 

2- Minha estadia no Rio de Janeiro

Desde que eu cheguei ao Brasil, além da busca de um nível intelectual altamente elevado, o meu grande sonho é, do ponto de vista cultural e turístico, visitar a floresta amazônica, o pulmão do mundo, e a cidade do Rio de Janeiro onde se encontram os pontos turísticos mais conhecidos do Brasil como o Cristo Redentor, a praia da Copacabana, o Pão de Açúcar.  O primeiro sonho ainda não é concretizado. Mas, graças a Deus, em janeiro de 2012 felizmente consegui concretizar o segundo. Com efeito, o Rio de Janeiro, situado na porção leste da região Sudeste, faz parte das 27 unidades federativas do Brasil. Sua capital, Rio de Janeiro, é, ao mesmo tempo, a cidade mais bonita e fantástica do Brasil, e é também o Estado, do ponto de vista turístico, mais visitado no Brasil. Eu fiquei lá quase um mês na casa do meu amigo Pinquière Bernadin que está estudando no Brasil desde 2010. Foi uma estadia maravilhosa e inesquecível na minha vida em que eu tem tido a possibilidade de conhecer os melhores pontos turísticos não somente do Rio de Janeiro, mas, sobretudo, do Brasil em geral. Entre os pontos turísticos visitados, gostaria de citar os principais, a saber,  o Cristo Redentor que é um lugar muito impressionante, mais conhecido em Rio de Janeiro, e também mais visitado com mais 40.000 visitantes por dia; o estadio da Maracanã; a Floresta da Tijuca que é a maior floresta urbana do mundo, ela tem um lugar chamado Pico da Tijuca que é uma montanha muito alta onde pode-se ter uma olha geral da cidade do Rio de Janeiro, nesse lugar pode-se também explorar a beldade e o esplendor do Brasil; a Copacabana, a praia mais agradável e atrativa do Brasil; o Jardim Botânico do Rio de Janeiro; o Jardim Zoológico e Museu Nacionalo Complexo do Alemão que é uma das maiores favelas do Brasil, e enfim, o Museu da Arte Contemporânea Brasileira. 


As fotos correspondentes:


Cristo RedentorEstádio da Maracanã
Floresta da Tijuca
Praia Copacabana
Jardim Botânico
 Jardim Zoológico e Museu Nacional
 Complexo do Alemão 

 Museu da Arte Contemporânea Brasileira 


3- Meu passeio em Brasília

Copa das Confederações que já aconteceu faz parte de um conjunto de eventos desportistas mundiais que são programados a serem acontecidos no Brasil. Nesse mesmo conjunto, encontramos os eventos futuros, a saber, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Com efeito, a abertura da Copa das Confederações aconteceu em Brasília, a Capital Federal do Brasil que situa-se na região Centro-Oeste, no Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, em que a equipe brasileira devia enfrentar a do Japão. O jogo terminou com a vitória brasileira contra o Japão (3-0). Eu não tenho palavras para expressar a minha imensa alegria por ter tido a ocasião em participar a esse jogo de abertura. Cheguei em Brasília no dia mesmo do jogo (15 de junho de 2013) às 7h45, e aproveitei para visitar o Planalto Central onde se encontram as principais instituições federais brasileiras como o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal, o Palácio da Justiça, o Palácio Itamaraty, a Catedral Metropolitana de Brasília, enfim, a Esplanada dos Ministérios. Foi uma grande alegria porque geralmente, quando alguém estiver vivendo num pais, é importante conhecer a sua capital e também as principais cidades. Portanto, a Copa das Confederações me ofereceu essa grande oportunidade em conhecer o Distrito Federal que é uma cidade muito bonita. Enfim, é uma dupla alegria porque foi a primeira vez na minha vida que eu participei em um evento mundial. É um momento verdadeiramente inesquecível.

As fotos correspondentes podem testemunhar essa alegria :












Conclusão: meus sonhos

Em suma, a minha expectativa é encontrar um ambiente agradável aonde poderei pôr em prático a maioria dos conhecimentos teóricos que eu adquiri no campo da Sociologia na Unicamp, embora eu saiba que será um pouco difícil no contexto social, político e econômico do Haiti. O campo sociológico haitiano é quase vazio enquanto a realidade do pais está reclamando cada vez mais sociólogos. Geralmente, a dificuldade é adaptar o conhecimento adquirido no exterior à realidade social, econômica e política haitiana, pois, nesse sentido, Haiti é o melhor exemplo que posso escolher. Essa dificuldade tem a ver com a ausência de estrutura organizacional que é um problema fundamental do pais. Porém, esse problema no sistema haitiano pode ser resolvido pois é de ordem humana, ou seja, são as pessoas que criam o sistema. Se quiserem com a vontade, os dirigentes haitianos podem mudar o sistema. Trata-se de um processo, e um processo demora, mas, de qualquer maneira, tem que começar a mudança. O meu grande sonho é ver Haiti se desenvolver, se tornar um país no qual a misera seria quase eliminada. Para chegar a isso, tem que trabalhar fortemente para a mudança do sistema. Um sistema se muda mudando a maneira de pensar e de agir das pessoas. Um dos elementos dessa outra maneira de pensar e de agir é inculcar aos haitianos o espírito de criatividade, ou seja, a capacidade de criar seus próprios negócios, de tomar novas iniciativas e de ser um ator da diversidade. O meu objetivo principal é trabalhar no setor da educação lutando para uma educação de boa qualidade que poderá responder aos desafios sociais, políticos e econômicos do pais. Tudo mundo tem direito à educação e a educação deve ser completamente gratuita e acessível a todos. Nesse sentido, é importante ter, de um lado, mais escolas de educação básica até o colégio, do outro lado, mais universidades públicas, privadas ou semi-públicas que poderão oferecer bolsas de estudo aos estudantes haitianos tanto no território nacional como internacional para que eles possam aperfeiçoar seus estudos. Não é necessário ter muitos posses econômicos e financeiros, mas as ideias, a ambição, a vontade e uma equipe bem formada e determinada. Assim, o pequeno de conhecimentos que eu estou adquirindo no âmbito dos meus estudos na Unicamp será colocado ao serviço do Haiti e também à disposição do Brasil se precisar da minha contribuição.

Jean FABIEN
Mestrando em Sociologia


[1] A Escola Normal Superior, a Faculdade de Direito e Ciências Econômicas. e a Faculdade das Ciências
[2] CAPES: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
[3] Eu comecei em outubro de 2007 e terminei em julho de 2010
[4] Eu comecei em outubro de 2004 e terminei em julho de 2008
[5] Podemos dizer em Português Iniciação Científica para um Mestrado em Geografia ou em História
[6] Programa Estudante Convênio de Graduação
[7] Programa Estudante Convênio de Pós-Graduação. O Pós-Graduação no Brasil contém Mestrado e Doutorado.
[8] "A paciência é amarga, mas seu fruto é doce". (Nossa tradução)
[9] O meu colega haitiano Gerard Dannel e outros foram vitimas desse tipo de racismo camuflado.


Campinas, Quinta-feira 8 de agosto de 2013



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