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lundi 8 août 2016

AS VAIADAS POPULARES E O INTERIM BRASILEIRO

No sistema político brasileiro o vice-presidente é simultaneamente eleito com o presidente para que, em qualquer circunstância, sua ausência não paralise, dificulte e pare o funcionamento da União. Depende do caso, a substituição pode ser direta e automática - por exemplo no caso de  falecimento, acidente ou impedimento - em outros não, por exemplo, no caso de um procedimento de acusação. É exatamente neste caso que intervém o interim. O interim, com efeito, é uma situação excepcional no âmbito de um processo de investigação judiciária ou legislativa que consiste em afastar das responsabilidades legais a pessoa suspeitada de crimes para ser substituída por uma outra, como isso está acontecendo no caso da presidente Dilma Rousseff. Nesse caso, o personagem afastado perde, provisoriamente, seus poderes de decisão. É o seu sucessor - o interino que assumirá a continuidade do Estado  - que vai decidir em seu lugar com seu novo equipe com o qual ele governará. Por conseguinte, isso acaba de mudar completamente a política governamental anterior e afrouxar consideravelmente o ritmo de desenvolvimento e de crescimento do país. 

Brasil recebe, de 5 a 21 de agosto de 2016, uma das maiores, espetaculares, famosas e iluminantes competições do mundo: os Jogos Olímpicos. Durante esse tempo, todos os olhos do mundo inteiro estarão focalizados sobre ele. As cerimônias de abertura ocorreram no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, a cidade anfitriã, em 5 de agosto. O protocolo diplomático quer que seja o presidente em função do país anfitrião que deve declarar, solenemente, aberta a competição. Como todos sabem, desde outubro de 2015, se iniciou um processo de impeachment contra a presidente, democraticamente eleita, Dilma Rousseff. Este processo vem piorando ainda mais as crises políticas, sociais et econômicas profundas pelas quais o Brasil estava passando. Com efeito, afastada pela votação majoritária dos Senadores (55/22), em maio de 2016, Dilma Rousseff foi substituída pelo vice-presidente Michel Temer qui, aguardando a destituição definitiva dela, está assumindo o interim. Foi em esta qualidade que ele era presente nas cerimônias de abertura das Olimpíadas no Maracanã durante as quais devia enfrentar as vaiadas populares. O artigo busca, portanto, analisa vaiadas e interim no contexto político e cultural atual brasileiro.

1. As vaiadas do Temer no Maracanã

O processo de impeachment é muito debatido, discutido e contravertido na sociedade brasileira. Os partidários de Dilma continuam denunciando um golpe, pois, segundo eles, impeachment sem ter crimes de responsabilidade, como a constituição federal de 1988 do país o defini, é, automaticamente, traduzido como golpe flagrante. Por outro lado, os adversários de Dilma estão reclamando cada dia nas manifestações populares seu julgamento por crimes fiscais cometidos. Todavia, além do processo de destituição de Dilma - ainda em andamento -, a questão de Petrobrás, a operação do Lava Jato, as manifestações estudantis nas universidades paulistas e federais, as greves dos funcionários e professores, tudo isso resume o clima social, político e econômico do Brasil no momento em que todos os projetores do mundo estão brilhados sobre ele por causa das Olimpíadas. Porém, a situação fica mais complicada por Temer no sentido de que ele tem que enfrentar as vaiadas e os xingamentos populares dos partidários de Dilma expressados por: ''Fora Temer'' a cada momento em que ele deve se pronunciar em público. 

Os gritos vaiadantes e xingadantes ouvidos no Maracanã traduziram, com certeza, a recusa do governo de Temer mesmo se for difícil dizer que todos os espectadores que o xingaram foram partidários de Dilma. De fato, não são todos aqueles que vaiam Temer que são, necessariamente, partidários de Dilma e vice versa. Os movimentistas sociais se transportaram até a Maracanã para dizer a Temer que seu governo não é legítimo, mas puramente golpista através das vaiadas. A prática de vaiar os presidentes e outros dirigentes políticos é muito comum não somente no Brasil, mas por toda parte do mundo, e, é amiúde a expressão de repúdio pelo povo ou pela assistência de uma coisa, de um comportamento ou de um indivíduo que ele não gosta e de quem censura as ações negativas. Dilma e Lula, quando forem presidentes, sofreram também vaiadas em muitas ocasiões. Todavia, como vamos desenvolvê-lo mais adiante, no caso de Temer, o contexto é extremamente diferente. Ou seja, o contexto interino defini uma outra realidade socio-política para o país, para os dirigentes e para os indivíduos.  

Como foi previsto pela Folha - um dos Jornais mais famosos do Brasil - Temer foi, efetivamente, vaiado no estádio do Maracanã no dia de abertura dos Jogos Olímpicos, em 5 de agosto de 2016. Portanto, essas vaiadas contra o Temer eram previsíveis nesta ocasião em que várias celebridades do mundo, como François Hollande (presidente da França), Ban Ki-moon (Secretário Geral das Nações Unidas) eram esperadas. Segundo o mesmo jornal, a intervenção de Temer não deveria durar mais que 10 segundos resumindo-se, estritamente, a essas palavras: ''Declaro abertos os Jogos do Rio, celebrando 31ª Olimpíada da era moderna''. Essas palavras não poderiam, tanto no contexto interino como no momento político das vaiadas, ser acrescentadas de jeito nenhum. Podemos dizer que a ampliação e a exageração das vaiadas no Maracanã são devidas ao clima de interim que é restritivo ao exercício pleno da democracia na expressão e na ação. Assim, todo país que precisa construir um sistema democrático forte, eficaz e quase infalível, deveria, de qualquer maneira, trabalhar para evitar um governo interim, porque ele é um obstáculo ao desenvolvimento da democracia.

2. A inevitabilidade das vaiadas populares em público 

Deve ser muito estressante ser vaiado e xingado em público sobretudo em presença de uma assistência tão importante, famosa e imensa que era o público do Maracanã (na presença de acerca 3 bilhões de espectadores físicos e virtuais no mundo inteiro que têm assistido a esta abertura segundo a Folha). Ademais, ser vaiado e xingado no caso de um interim não cria a mesma sensação e reação que ser vaiado e xingado quando estiver num governo normal. Portanto, nesse sentido, é difícil comparar as vaiadas de Dilma e Lula com as de Temer, porque enquanto o segundo está assumindo um interim muito contestado e rejeitado por uma grande parte do povo com veemência, embora previsto pela constituição federal, os primeiros tiraram sua legitimidade das eleições que são a maneira mais democrática para o povo expressar sua vontade.  Portanto, podemos dizer de maneira objetiva que enquanto as vaiadas de um eleito podem afetar seu mandato as de um não eleito questionam sua legitimidade e autoridade. Eu acredito que é mais possível que um governo interim, embora possa ser constitucional, mas para-democrático, tenha a enfrentar, diariamente, as vaiadas do povo. 

As vaiadas populares contra um não eleito podem ser interpretadas como expressão de rejeição da autoridade deste, mas a de uma insatisfação dos serviços a beneficiar se se tratar de um eleito. Quando, por exemplo, Dilma foi vaiada no estádio Mané Garrincha em Brasília, em 2013, no dia de abertura da Copa das Confederações, isso foi visto como um grito de insatisfação popular a respeito dos programas sociais como aquele chamado ''Minha casa minha vida''. As vaiadas de um não eleito se assimilam amiúde à rejeição total do povo do seu governo transitório e da sua autoridade nos quais ele não se reconhece. Esta rejeição e recusa são para denunciar a ilegitimidade, ilegalidade e o caráter antidemocrático deste governo. Nesse sentido, os partidários da Dilma vão continuar a vaiar Temer e seus ministros que eles consideram como golpistas. Mas, aqueles que estão reclamando o julgamento da Dilma não são igualmente em favor do Temer, ao contrário, o governo que ele formou foi severamente criticado por eles porque é constituído de pessoas corruptas e com passados e personalidades muito questionáveis. Os partidários da Dilma assim como alguns dos seus oponentes não gostam deste governo interim conduzido por Temer.

Mas, se qualquer governo, seja eleito e legítimo ou não, não pode se escapar a vaiadas e xingamentos do povo, em que as vaiadas sofridas por Temer no Maracanã poderiam ser uma lição? De um lado, o contexto socio-político não é mesmo, os personagens a serem vaiados não são mesmos, as causas pelas quais o povo vaia e xinga não são mesmas, e, por não serem idênticos, todos esses aspectos podem ter consequências muito diferentes. Com efeito, dominado pelo interim, o contexto socio-político brasileiro atual, que alguns consideram como golpista, está muito transtornado e complicado com este processo de impeachment. Como falei anteriormente, as vaiadas de um eleito não têm as mesmas repercussões que as de um não eleito. O eleito detém, apesar de tudo, um mandato do povo como seu representante legal e exerce sobre ele uma certa autoridade mesmo se não puder lhe impedir esse direito de vaiá-lo, se, apesar dos seus efeitos negativos ou positivos, as vaiadas puderem traduzir um direito da plateia popular para exprimir seus discordos com seus governantes.

Não é possível evitar as vaiadas mesmo previsíveis. Também, não é imaginável chegar a uma sanção de todo um povo que vaia seus dirigentes, todavia, as vaiadas os colocam, geralmente, em situações desconfortáveis. Não há dúvida de que as vaiadas são desastrosamente humilhantes, ofensoras, degradantes e ultrajantes, portanto, ninguém não gostaria de ser vaiado por causa, eu acredito, de traumatismos, frustrações e indignações psicológicas que ele pode provocar no futuro. Porém, no caso de um governo interim - sem, absolutamente, espírito de fanatismo - eu acredito que todos os seus representantes, começando pelo presidente, merecem ser vaiados, xingados, humilhados e tratados sem dignidade pelo povo a fim de combater o interim com seus efeitos e enviar um sinal claro de intolerância a todo governo interim. A meu ver, o interim é sinônimo de regresso e faz nascer um Estado imaturo, pária e para-democrático. Eu acho que é uma situação a ser evitada por qualquer país que procura construir um país com sistemas eleitoral, político, econômico, social, sistemas de saúde e de segurança nacional fortes e em bom funcionamento. Em resumo, um país que quer, verdadeiramente, avançar precisa estabelecer um regime político que fuga a questão do interim.

3. Alguns dilemas do interim

Paralelamente aos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, o Brasil, por causa do interim, está conhecendo situações econômicas e políticas difíceis e regressivas que afetam a maior parte da população. Um exemplo simples é o preço dos produtos alimentares de primeira necessidade, produtos cosméticos, produtos de uso doméstico, produtos de limpeza e de lava roupas que dobrou em menos de um mês após o interim que cria incertezas, confusões e fugas de capitais e de pessoas. As greves dos trabalhadores do setor público que estão piorando por causa de atrasos nos pagamentos salariais; os deslocamentos dos estrangeiros por outros países da América do sul e do norte; os desempregos justificam isso. Além disso, o acesso aos serviços públicos se complicam ainda mais. Um outro exemplo simples para entender é o serviço de atendimento aos estrangeiros na Policia Federal do estado de São Paulo em Campinas. Antes do interim, o processo de prorrogação do visto para estrangeiro detentor de visto temporário - como o visto item IV para estudantes - era fácil na Policia Federal deste estado. Com efeito, para prorrogar seu visto o solicitante não precisava agendar nenhuma data. Era preciso chegar com a documentação exigida e completa, retirar uma senha e aguardar ser atendido. 

Apesar das suas fraquezas e imperfeições, porque as senhas eram demasiadamente limitadas dependentemente da quantidade de pessoas que a Policia Federal pode atender no dia, este sistema de atendimento me parecia mais racional. Agora como é feito o procedimento? Tem que, obrigatoria e exclusivamente, agendar uma data no site da Policia Federal, tal data pode ir muito além (até 2 meses) do prazo de vencimento do visto atual do solicitante a ser renovado. A ideia do agendamento antecipado para evitar, talvez, transtornos e contra tempos é genial, mas quando ela estiver em conflito e em contradição com o vencimento de um prazo, então aí, a metodologia pela qual ela foi criada merece ser questionada. Este novo procedimento, em vez de melhorar o serviço aos estrangeiros solicitantes de prorrogação de visto, vem complicar e piorar sua situação de permanência legal no território nacional correndo o risco de ficar sem documento legal. Assim, estes são alguns exemplos mais simples da problematização do interim, mas ele tem consequências ainda mais profundamente catastróficas sobre o sistema de funcionamento brasileiro.

A democracia como processo ainda em construção no Brasil se fragiliza e se enfraquece consideravelmente com impeachment e o interim que retardam seu ritmo. Não sou contra o impeachment que, eu acredito, é constitucional e mesmo democrático. Mesmo se ele tende a lembrar às autoridades legais, em particular ao presidente e seu governo, que não receberam um cheque em branco, que não podem fazer o que quiserem desrespeitando as leis, ultrapassando seus limites e dificultando o exercício dos direitos das outras instituições, ele criou um monstro: o interim. Acho que é fundamental destituir qualquer governo corrupto que representa um obstáculo ao bem estar da sociedade até com ações violentas. Porém, não de qualquer jeito. Se o impeachment é democrático, o interim, sua consequência, não o é. Por que? Porque se, talvez, o interim seja legítimo, legal e constitucional, ele é, no entanto, para-democrático na medida em que um governo nascido do interim está funcionando em paralelo, em marginalidade e em contradição às regras democráticas e à sanção popular pelo intermediário das eleições que são a única expressão suprema de  liberdade e de direito que o povo tem para escolher seus próprios governantes. 

Como todos sabem, as eleições não se reduzem apenas ao exercício de um direito de votar, mas são também uma representatividade ativa do povo dentro do poder institucional. Ou seja, através das eleições, o povo está atuando, diretamente, no poder. Isso é muito interessante porque traduz a ficção da democracia. Na verdade, não é ficção. É o povo que atua com seus votos e que, quando as coisas estiverem andando de maneira errada, se levanta corajosamente. Nesse sentido, o interim coloca um dilema na medida em que tanto aqueles que o defendem quanto aqueles que o denunciam são representantes do povo e estão atuando em nome dele. Mas, o povo é mosaico, há povo e povo. O que significa que cada eleito e líder político, dentro da oposição e alhures, estão caminhando com seu povo na bolsa. Através das eleições, das manifestações populares e dos movimentos sociais é possível identificar o verdadeiro povo em ação com sua capacidade democrática. Para justificar o interim, alguns diriam que é o povo que o reclamou sem esquecer que uma outra parte do povo o recusa ferozmente. Portanto, no caso da justificação do interim, a noção do povo - embora frequentemente usada - é complicadíssima.

É um dos grandes dilemas que põe o interim brasileiro - senão todo interim - tanto para aqueles que estão envolvidos nele como atores protagonistas ou como oponentes quanto para a dinâmica social, política e econômica. Em ambos os casos extremos, o interim - embora seja uma etapa importante na espera de uma decisão final a fim de voltar à situação normal tal como prevista pela lei - complica e dificulta ainda mais o processo de desenvolvimento da sociedade. Por isso, as vaiadas não são inocentes e podem ser, nesse sentido, uma ótima ocasião para problematizar mais e repensar a questão do interim, ver se não há outra possibilidade de evitá-lo no futuro. O acento se coloca particularmente no interim que é o resultado direto e principal do impeachment, porque ele é o mais problemático. Todavia, não só um impeachment que pode produzir um interim, o falecimento de um presidente eleito pode também conduzir ao interim na medida em que a Constituição desse país não previu um sucessor automático e direto, seja um vice-presidente ou um Primeiro Ministro para poder substituí-lo pelo andamento e pela continuidade das políticas públicas do governo como isso acontece no sistema político dos Estados Unidos.

 4. O interim e as questões nacional e internacional

O interim ou governo transitório não é sem consequências regressivas terríveis sobre a sociedade e os sistemas econômico e financeiro, pois coloca os investidores e empreendedores capitalistas nacionais e internacionais em situação de confusão e de incerteza a respeito dos seus negócios e investimentos. Os cidadãos e estrangeiros no exercício dos seu direitos e suas atividades sociais são também fortemente afetados por essas confusões e incertezas na sua vida cotidiana. Tais consequências podem ser avaliadas mais profundamente ao longo prazo. É por isso que um país tem que procurar evitar o interim porque tudo mundo em um espiral. Os atores e agentes do impeachment têm interesse para que o interim permaneça, mas é povo que paga o preço. Mesmo se de curto prazo, o interim causa estragos inimagináveis e expõe o Brasil a perder confiança, prestígio e estima na escala mundial, mesmo se não pudermos ignorar que o interim é o produto de um procedimento constitucional. Nesse sentido, é importante que seja visto como tal. Isso é o aspecto mais geral e nacional da questão. Mas, há, do outro lado, o aspecto internacional e diplomático ainda mais complexo. Vamos tentar entender. 

De acordo com alguns dirigentes políticos, o Temer - acusado também de corrupção - está pressionando o Senado, em particular, seu presidente, Renan Calheiros, para adiantar mais o processo do impeachment que, segundo os Senadores, deveria acabar entre 25 e 26 de agosto com o julgamento final da presidente afastada. Em outras palavras, Temer está querendo antecipar o mais possível o processo. Parece que mesmo a Dilma se senta cansada com esse processo de impeachment que é em si mesmo cansativo porque dá muito trabalho. A pressão se justifica pelo fato da participação do Brasil, em setembro de 2016, na China, na reunião dos G20. Seria muito vergonhoso e desrespeitoso que o Brasil seja representado em uma tal reunião internacional de grande envergadura por um presidente interino. Isso teria um grande impacto na diplomacia internacional brasileira tanto do ponto de vista econômico e comercial como político. Mas, não devemos esquecer que, desde o início do impeachment, o Brasil está sob as observações das grandes potências econômicas e políticas mundiais, pois já este processo coloca em questão seu sistema democrático ainda em fase experimental. 

Eu acho que a maneira de que as vaiadas foram direcionadas contra o Temer no Maracanã por causa de seu estatuto de presidente interino era desmoralizante tanto do ponto de vista nacional como internacional. Nesse sentido, elas deveriam servir de lição suscitando debates e reflexões profundos sobre os sistemas políticos modernos que ainda valorizam o interim. Ademais, símbolo de um governo interim, um presidente interino não tem a mesma apreciação no exterior pelos outros países - sobretudo os países ocidentais que, sendo muito orgulhosos do seu sistema democrático, são muito preconceituosos nesse sentido. Ele não possui a mesma capacidade de decisão tanto sobre as questões nacionais como internacionais, enfim, ele será recebido no exterior de uma maneira absolutamente desprezada que se fosse um presidente normal democraticamente eleito. Sabemos, além disso, que o Brasil está concorrendo uma vaga no Conselho de Segurança da ONU e faz parte dos países como o Canadá, que estão reivindicando a ampliação desse conselho. Com certeza, o interim não é sem consequência sobre esta perspectiva. 

Com efeito, além das consequências sobre sua candidatura no Conselho de Segurança da ONU, do ponto de vista diplomático e das relações internacionais, o governo interino brasileiro já envia um sinal muito negativo de autogovernança, pois, se o Brasil não pode se autogovernar como pretende-se entrar numa instituição tão prestigiosa e importante como o Conselho de Segurança da ONU em que ele tomará decisões mais complexas para o mundo? Com essa pressa que Temer está cobrando o Senado, o Brasil está tentando redourar seu blusão se recuperando-se e reparando alguns erros cometidos anteriormente por causa do interim. Porém, desde no início, o processo de impeachment em si mesmo coloca em dificuldade a autogovernabilidade do Brasil, a credibilidade das suas instituições e as suas relações internacionais e diplomáticas com os outros países do mundo. Líder da América do sul seguido por Argentina, o sistema democrático brasileiro mereceria ser forte para enviar ótimos sinais de autoestima e autodeterminação a respeito do seu futuro político. A insegurança e a inquietação que causa o interim não são só nacionais, mas também internacionais. Assim, é viável que os valores, as estimas, as reputações, as apreciações, os prestígios, as considerações protocolares e diplomáticas do país, da sociedade e do povo sejam, internacionalmente, comprometidos, diminuídos e desprezados  por causa do interim.

Conclusão 

Por fim, as vaiadas não estão sem impactos, mesmo internos e morais. Imagine o traumatismo, o embaraço e a frustração que pode ter um governante passando seu tempo inteiro a enfrentar vaiadas e xingamentos em cada intervenção pública. Isso pode lhe causar nervosismo. Apesar de ser moralmente insuportável e insuperável, esta prática se torna normal e comum hoje nas intervenções públicas. Todavia, eu não acredito que vaiadas e xingamentos do povo colocam em questão seu nível de educação e de civilização, talvez, tenha a ver com uma cultura política. É uma dentre milhares de maneiras que o povo tem para poder exprimir frustração, rejeição, insatisfação, discordo, raiva contra seus dirigentes. Assim, além de seus impactos morais e internacionais e na espera que o Brasil se recupere do interim, as vaiadas precisam ser vistas como um exercício democrático e uma expressão popular na medida em que por elas o povo tem a possibilidade e a ocasião de dizer não sem agredir ninguém fisicamente.

Jean FABIEN
CAMPINAS, 9 de agosto de 2016

mardi 2 août 2016

RÉFLEXIONS SUR CE QUI SE PASSE ACTUELLEMENT DANS LE MONDE: LE TERRORISME EM QUESTION?

Introduction

Tellement consterné, perdu, bouleversé, abattu et dépassé par ces actes criminels, inhumains, insensés, ignobles, immoraux à la fois continuels et répétitifs, qui m´attristent et me plongent en même temps dans un profond questionnement: où est-ce que va notre monde? je ne me croyais pas avoir la force de consacrer quelques lignes de réflexion à ce terrorisme animalier et animaliste qui tient actuellement notre monde en otage. Pourtant, cela vient de se produire, car ce serait complice de me taire là-dessus. De près ou de loin, entant qu´être humain je me sens autant profondément frappé, affecté et atteint par les attentats terroristes que des milliers de familles innocentes qui en sont effectivement victimes. Tuer, assassiner, massacrer des gens innoncents, s´attaquer à des peuples, à des civils indéfensifs et inoffensifs, franchement ça me dépasse!  En effet, notre humanité et fraternité sont sur le point de s´effondrer et de se rabaisser au plus bas niveau de l´animalisme et du barbarisme dus à la cruauté et à l´atrocité montante du terrorisme.

Ne voulant pas tomber dans une sorte d´apologisation consciente ou inconsciente des crimes terroristes, j´estime nécessaire de passer outre d´une énumération des nombreux attentats terroristes et actions meurtrières qui ont frappé et continuent de frapper les peuples innocents des différentes parties du monde tant en Amérique du nord qu´en Europe. Toutefois, nous sommes pas sans savoir que les derniers actes de la barbarie terroriste remontent à quelques jours de cela à Rouen - où un prêtre a été froidement égorgé par des assaillants qui se sont réclamés du groupe d´État Islamique (EI) - à Paris, Nice, Munich, Orlando, Texas, Côte d´Ivoire, Afghanistan etc. Partout dans le monde c´est la terreur, le discorde et la peur créés dans les coeurs et les esprits par ces assassins impitoyables. Humains comme nous autres, nous n´arrivons pas vraiment à déceler les motifs et les raisons de leurs actes. L´objectif donc de cet article est d´essayer de réflechir sur ce qui se passe actuellement dans le monde contemporain. Comment comprendre l´état actuel de ce monde confronté au terrorisme sanglant?

1. Une interprétation plurielle et multiple: le terrorisme, l´Islam et l´État Islamique

On peut interpréter de dfférentes manières les attentats terroristes, les massacres, les génocides, les assassinats, les guerres silencieuses, les guerres sans nom, sans cause, sans objectif et sans fondement qui affectent les sociétés contemporaines les unes après les autres. Les fervents croyants religieux, plus particulièrement les chrétiens et les catholiques, diraient que les prophéties apocalyptiques continuent de s´accomplir et que la venue du maître n´est plus lointaine. Une venue à laquelle ils se préparent en menant une vie de piété, de paix, de pardon, d´amour et de miséricorde comme le Christ le leur a enseigné. Les anthropologues mettraient l´accent sur une crise culturelle ou des conflits éthnico-raciaux. Les sociologues, eux, parleraient de préférence d´une crise de désintégration sociale où des jeunes, en quête d´une identité ou s´imposant une identité radicale et extrémiste - vraisemblablement fausse et illusoire - se livrent à la violence et se rebellent contre l´ordre social établi. Les politistes y verraient plutôt une guerre terroriste fortement ancrée dans une vision destructrice des valeurs démocratiques, des libertés individuelles, des droits de l´homme, enfin, des principaux acquis de la modernité. Autant de lectures interprétatives complémentaires et contradictoires qui ne manqueront pas de pleuvoir sur ce qui se passe actuellement dans le monde. Ces interprétations sont à la fois vraies et fausses en ce sens que les actes terrifiants filmés par l´État Islamique lui-même vont au-delà de tout cela. Toutefois, peu importe les interprétations, il est clair que le monde fait face à des actes d´intolérance qui lui sont éminemment dangereux.

Ce qu´on appelle l´État Islamique sème la panique et le bouleversement au milieu des sociétés humaines. Il frappe aveuglement et sourdement. Il ne vise aucune cible précise. Tout pays ne partageant pas ses opinions - si opinions il en a - devient automatiquement un ennemi potentiel à frapper, donc sur cette terre personne ne peut épargner à la menace des attentats terroristes. Mais, une question demeure, qui n´aura peut-être pas de réponse - or, tel que les choses s´en vont, je ne m´attend pas non plus à l´obtenir - est celle de savoir les raisons qui poussent les terroristes appartenant à l´Islam radical à commettre ces actes? Peut-on dire que c´est une guerre contre l´Occident puisque la majorité des attentats se sont produits dans les sociétés occidentales? C´est difficile de le dire dans la mesure où certains pays de l´Afrique comme la Côte d´Ivoire, la Somalie, l´Afghanistan en ont également été touchés. Par ailleurs, pourquoi les puissances politiques, économiques et diplomatiques du monde occidental y compris l´ONU, qui se disent détenteurs des plus grands moyens techniques et technologiques  n´avaient-ils pas prévu le danger qu´allait courir l´humanité avec la constitution de tels États qui déclarent la guerre non pas seulement contre l´Occident, mais surtout contre l´humanité tout entière ainsi que contre ses valeurs morales, démocratiques et éthiques, ses cultures et ses traditions?

Peut-être l´était-il. Mais, ne serait-ce pas autant faire acte d´intolérance et d´imprudence qu´eux en disant que cette émergence aurait dû être bloquée? Je peux même oser me demander si elles le pouvaient ou le devaient, car il ne faut pas, d´une part, prêter des intentions et des actions aux puissances occidentales allant vers l´idée de la création psychologique et spirituelle d´une dictature imaginaire, d´autre part faire de ces puissances des superman qui peuvent se permettre n´importe quoi ou se croient tout permis dans ce monde. Sans vouloir rentrer dans les détails relatifs à l´État Islamique, il est important de rappeler qu´on appelle de cette sorte des pays comme, par exemble, l´Inde, la Bengladesh, le Pakistan, qui font de l´Islam la religion d´État. Ce sont des États théocratiques donc non laics où les préceptes religieux occupent une suprématie sur les lois ordinaires et constituent les normes applicables à tous et à toutes. Ainsi donc, ce qu´on appelle communément ou peut-être improprement le groupe d´États Islamiques - tel le Daech accusé de la quasi totalité des attentats terroristes qui ont coûté la vie à des milliers d´innocents dans le monde - est une organisation de criminels qui existe bel et bien réellement. Elle est super bien équipée et entraînée. Ce n´est donc pas une fiction. Toutefois, tous les États Islamiques ne sont pas nécessairement liés au terrorisme, de même que l´Islam, leur religion dominante, ne développe pas forcément une quelconque relation et complicité avec le terrorisme.

Cependant, en dépit de cette évidence, j´ai comme l´impréssion de vivre dans une pleine fiction en n´arrivant pas à comprendre le fonctionnement des groupes terroristes en matière de sources de financement, d´équipement, de ressources financières et économiques, d´organisation (sociale ou politique), de structure, d´infrastructure, de superstructure, de subsistance, d´approvisionnement, d´armement, de moyens technologiques et stratégiques pour pouvoir perpétrer leurs forfaits. Comment un État peut-il choisir de frapper des indéfensifs et inoffensifs? Qui les financent? D´où proviennent leurs ressources? Encore des questions difficiles. Néanmoins, une chose est certaine, c´est que, quel que soit le nom ou la nature qu´on leur attribue, le fait c´est qu´il exitse un groupe d´individus animés d´intentions criminelles et meurtrières qui, se réclamant de l´Islam radical et en sémant le barbarisme, révendique ou qu´on fait révendiquer chaque attentat terroriste qui est commis dans le monde. Il s´agit, que l´on veuille ou pas, d´une structure très bien organisée qui a ses propres moyens d´existence, de ravitaillement et de fonctionnement pour frapper, frapper toujours et frapper encore. Ainsi, les terroristes du groupe d´États Islamiques impliqués dans des attentats criminels sont loin d´être des amateurs. Formé majoritairement de jeunes, on aura tort de sous-estimer les potentialités et les capacités de ce groupe.

2. Terrorisme et identité: la jeunesse en cause

Notre monde d´aujourd´hui est celui qui se fonde sur la violence, la peur et la terreur. Je dirais comme Amartya Sen (2006), cet état est marqué par la souffrance de notre monde d´une crise d´identité singulière et d´autodéfinition de soi qu´un groupe éminemment intolérant, radical et extrémiste veut imposer. Des gens qui ne voient dans cette identité que la seule et l´unique dans le monde en faisant fi des différences culturelles et identitaires entre les peuples. Ce qui crée une intolérance accrue, cruelle, meurtrière et génocidaire. La guerre dont le Pape François et le président français ont fait mention, chacun dans ses interventions suivies des attentats à l´église de Saint Étienne-du-Rouvray, est, de mon humble point de vue, une guerre terroriste qui a rapport à une volonté systématique des groupes extrémistes et radicaux soit pour imposer une identité unique autoproclamée dont ils se croient être les seuls détenteurs, qu´ils estiment être supérieure aux autres; soit pour s´en chercher une par la violence qui, malheureusement, leur devient,  à cet effet, un moyen; enfin, soit étant en panne  d´identité, ces jeunes-là font face à une sorte d´excessivité identitaire.

Si nous regardons bien, il y a lieu de constater que la catégorie sociale la plus active dans les actes terroristes c´est des jeunes agés d´entre 15 à 20 ans pour ne pas dire des adolescents. Par exemple, le prêtre, Jacques Hamel, de la commune de Saint Étienne-du-Rouvray a été égorgé en son église et en plein culte, le mardi 26 juillet 2016, par un jeune de 19 ans soupçonné d´adhésion à l´EI. Les organisations terroristes recrutent des jeunes et entraînent des enfants à devenir leurs dévoués soldtas. De toute façon, le phénomène d´enfant-soldats est bel et bien réel au sein des groupes terroristes. Ce sont des jeunes désintégrés et cette désintégration est due soit au fait qu´ils vivent dans une société trop rigide et contraignante de laquelle ils veulent se libérer ou parce qu´ils font face à une société trop libérale, disons mieux trop libertine, qui n´arrive pas assez à leur inculquer une véritable estime de soi et une estime sociale, à les contenir en termes d´inclusion et de justice sociale et à leur faciliter une intégration sociale continue.

Durkheim a eu raison de prévoir qu´une société trop faible en matière du respect des normes sociales est un obstacle au développement de l´individu et à la cohésion sociale devant être le but de toute société, et engendrera, par conséquent, une très forte dégénérescence sociétale. De même, une société dont les lois, les normes et les règles sont trop rigides, contraignantes et restrictives des libertés peut aboutir à la révolte, à la rébellion, au suicide et à la volonté de s´isoler et de s´expatrier. Le rôle de toute société est l´intégration, l´inclusion, la cohésion et l´harmonie de ses membres axées sur des valeurs culturelles et sociales. En dehors de cela c´est le chaos et l´effondrement total. En effet, l´État Islamique est constitué de jeunes combattants qui se permettent des actes de cruauté qui nous poussent à nous demander s´ils ont une appartenance sociale et une identification sociétale. 

Des jeunes qui, à cause de cette déconnexion sociale, de ce sentiment d´inappartenance et de ce libertinage, troublent de plus en plus la paix sociétale. Ils s´enfoncent et se perdent dans une vie libertaire et rebelle que ne leur reconnaît aucune société. Jeunes, sans engagement sociale, sans responsabilité familiale, en panne de culture et d´éducation, qui se croient porteurs d´un message méssianique auquel ils veulent contraindre les autres, pour la plupart des jeunes comme eux, à s´allier. Ils peuvent user de toutes leurs influences pour endoctriner leurs semblables, les inciter à les rejoindre. L´une d´entre elles c´est la propagande médiatisée de leurs actes criminels, de leurs scènes de violence et de leur train de vie au quotidien qu´ils publient sur Internet après les avoir filmés. C´est par cette stratégie qu´ils parviennent à convaincre de nombreux jeunes. En effet, la majorité des jeunes qui a rejoint l´État Islamique ces derniers temps a témoigné que cela leur était arrivé après avoir visionné sur Internet une vidéo publiée par l´EI qui montre soit l´exécution d´une otage, soit présentant des camps d´entrainement des soldats, soit décrivant le train de leur vie quotidien ordinaire, soit filmant des scènes d´affrontements sanglants ou des réunions en plein air. Donc, selon les experts, 60%  des recrutements de l´organisation d´États Islamiques proviennent de cette propagande médiatique qui, cependant, n´a rien à voir avec le journalisme.

Par ailleurs, il y a lieu de souligner que la conversion religieuse n´est nullement l´objectif de leurs actes ignobles. Autrement dit, la religion, l´identité religieuse, la foi religieuse sont loin d´être leur motivation. De plus, leurs buts sont très flous et sombrent dans l´ignorance absolue des règles morales de la religion, du bon sens, de la raison, de la rationalité, de la démocratie et de l´éthique. Voilà pourquoi, il est illogique de céder à la crainte que l´EI cherche à multiplier au sein des sociétés, parce que la violence absolutiste dont elle découle va vers sa propre destruction. Contrairement aux autres, ce terrorisme généralisé des jeunes n´est pas causé par une crise de modèles et de valeurs. Des modèles et valeurs il y en a et il y en aura toujours. Mais, c´est que ces jeunes-là veulent se créer eux-mêmes leurs propres modèles et valeurs en imposant un mode de vie. Et, le pir dans tout cela, c´est que c´est par des actions terrifiantes, terrorisantes et terriblement violentes qu´ils font cela tout en cherchant à séduire le maximum de jeunes possible. Ils prétendent défendre une humanité dont ils ont seulement et exclusivement la compréhension. Sur ce, on peut dire que l´autoproclamation d´une identité singulière, le rejet des valeurs occidentales et l´extrémisme sont parmi les facteurs susceptibles d´expliquer la causalité des actes terroristes de ces jeunes désaxés.

3. La compréhension du monde actuel et les particularités des guerres terroristes

Les guerres contemporaines que nous sommes entrain de vivre aujourd´hui sont des guerres terroristes qui ont des particularités par rapport aux autres guerres ordinaires que le monde a l´habitude de connaître. C´est que celles-ci vont à l´encontre du terrorisme pour briser le monde de la terreur qu´imposent le radicalisme, l´extrémisme, l´identitarisme, le barbarisme, l´absolutisme, le totalitarisme, le perfectionnisme. Ces guerres-là se font différemment aujourd´hui que les guerres traditionnelles d´avant en ce sens qu´elles n´éxigent pas un champ de bataille, c´est-à-dire un espace territorial physique où peuvent s´affronter les groupes bélligérants. La guerre du monde moderne ou post-moderne actuel - grandement marquée par le terrorisme - est à la fois visible et invisible, anonyme et nominative, physique et spirituelle, virtuelle et réelle, irrationnelle, absurde, enfin, c´est une guerre contre l´esprit critique, le dialogue, la liberté de pensée, la liberté d´expression, la capacité d´argumentation et d´analyse, la diversité culturelle, la pluralité identitaire et religieuse.

La seconde particularité de ces guerres c´est qu´elles n´impliquent plus les grandes puissances militaires entre elles, en d´autres termes, ce sont des guerres civiles qui ne disent pas leur nom. Peut-être certaines d´entre elles les ont-elles incitées par leurs actions d´ingérence et d´irrespect du droit des autres États, mais il est difficile de dire qu´elles en sont les principaux auteurs. L´on dirait même que ce sont des guerres provoquées par des petits États presqu´invisibles, inexistants et impuissants sur le plan scientifique, technique et technologique, mais qui, en matière d´armement, sont très puissants. Sur ce, le terrorisme serait la guerre des faibles contre l´entente, la coalition et la vision des forts, des États dits parias contre ceux dits modernes et civilisés, des petits États contre les grands États. Voilà pourquoi, ils frappent et continuent de frapper dans l´invisibilité et l´anonymat absolu tout en cherchant, dans l´hypothèse, à se faire un nom à travers ces guerres ne respectant aucune règle d´engagement.

Ces guerres terroristes accusent une troisième particularité c´est le filmage et la propagande médiatique des actions de l´EI soigneusement exécutés par des jeunes professionnels recrutés à travers le monde allant jusqu´à gagner au moins 1000 euros par mois: Une somme alléchante pour effectuer des besognes risquées. En effet, par la divulgation des vidéos sur Internet, l´État Islamique devient un marché très lucratif pour des jeunes photographes et filmographes qui ont besoin coûte que coûte de se construire une vie. De plus, cette somme et les avantages que leur offre l´EI peinent d´être trouvés de mieux ailleurs. Ainsi, le filmage et la propagande médiatisée, qui exigent une main d´oeuvre professionnelle performante et compétente pour faire un travail efficace tel que voulu par les commandants en chef, constituent deux moyens forts de l´État Islamique afin de, d´une part, envoyer un signal fort de la terreur et de la peur au monde entier, convaincre de plus en plus de personnes à les rejoindre dans la défense de leur cause, de l´autre. Il s´agit d´un travail réalisé par toute une équipe de professionnels expérimentés qui perçoivent un salaire supérieur à celui des combattants, car ils sont tellement précieux et importants pour la propagande médiatique, la propagation, la publication et la divulgation des actes de barbarie de l´EI qu´ils ne peuvent aucunement se permettre d´errer au cours des prises de photos et des filmages.

Comme dernière particularité nous aimerions souligner que ce monde dans lequel nous vivons actuellement connaît des conflits armés forts, mais surtout injustes, injustifiés et injustifiables. Si les conflits armés d´autrefois même les plus sanglants et meurtriers avaient un but et une finalité bien définis; étaient étatiques et ne visaient en aucune façon des civils puisque ces guerres étaient régies par des règles strictes - les guerres proprement dites sont toujours régies par des lois - dans les guerres d´aujourd´hui, cependant, on peine de déceler un but et une finalité, car il est difficile de comprendre comment des civils peuvent être la cible d´un groupe de meurtriers lui empêchant de déguster les béatitudes de la vie.

On n´arrive pas non plus à comprendre si un groupe radical et extrémiste s´en prend à un État et s´affirme de plus en plus hostile à lui que ce sont les membres de ce dernier qui doivent en payer le prix. Dans les guerres ordinaires, les soldats tirent sur les soldats et non sur les civils. D´où l´absurdité, l´irrationalité, l´imbécilité, l´idiotie, la cruauté et la banalité de ces guerres contemporaines terroristes que mène l´État Islamique. Même dans les deux Guerres mondiales dont une des finalités était le controle des richesses de la planète et l´établissement d´une puissance économique et militaire, des civils n´ont jamais été pris pour cible. Même si ces guerres ont certes fait des victimes innocentes et colatérales, même si de nombreux civils en ont été atteints de façon indirecte, les tirs et les raids ne les ont jamais visés directement comme cela se passe aujourd´hui. C´est vraiment insensé et aberrant tout ça!

4. Ce que les attentats terroristes peuvent nous apprendre 

Comme l´a soutenu le Pape François lors des Journées Mondiales de la Jeunesse à Pologne, en 2016, si les attentats terroristes n´ont aucune consistance, aucune base sociale, aucune cible et finalité fixes du point de vue matériel, ils cherchent, néanmoins, à briser l´union, la fraternité et l´amour auxquels nous sommes appelés à vivre selon que le Christ l´a ordonné, ce en nous incitant à la haine, à la peur et à la division et en voulant nous soulever les uns contre les autres. Ils sont allarmants certes, mais ils ne doivent pas nous jeter dans la crainte et la frayeur. De sa part, le président français s´est exprimé presque dans les mêmes termes en soulignant qu´en demeurant des actes lâches, les attentats terroristes n´ont qu´un seul but: détruire la cohésion entre les Français. C´est pourquoi, poursuit-il, c´est par un faisseau harmonieux, la cohésion et l´unité qu´on parviendra à vaincre l´Etat Islamique et le terrorisme. ''La France est en guerre contre le terrorisme et cette guerre, bien qu´elle soit longue, nous la gagnerons'', a-t-il ajouté. Ainsi, ce qu´il faut retenir c´est que les attaques terroristes interpellent la conscience et l´intelligence des hommes à s´unir pour un vivre ensemble juste, réel et non hyprocrite.

D´autres personnalités religieuses et politiques ont eu des propos allant dans le même sens, c´est le cas, par exemple, de Manuel Valls (Premier Ministre français) selon qui, en voulant nous imposer un monde de plus en plus haineux divisé en nous et eux, les attaques terroristes sont sans perspective et objectivité pour un monde plus juste, démocratique, progressiste et productif que nous devons construire ensemble. De sa part, le Mgr. Dominique Lebrun (Archevêque de Rouen) invite le monde au pardon de ces brebis égarées qui, selon lui, ne savent pas ce qu´ils font. Alors, c´est exactement dans ce carrefour qu´il faut cerner les attentats terroristes qui tendent à nous effrayer. C´est là aussi le piège du terrorisme dans lequel il ne faut pas tomber, celui de nous isoler les uns des autres. Les actes terroristes sont entrain de ruiner nos sociétés et créent dans les coeurs et les pensées toute sorte de peine, de confusion, d´incertitude, de deuil et de désespoir en cherchant, bien sûr, à bloquer le projet d´un monde meilleur.

Sur ce, les attaques terroristes peuvent nous apprendre sur l´importance  du vivre ensemble, renforcer chez nous les valeurs sociales et culturelles fortement significatives et ancrées dans l´espoir d´un monde où les religions se dialoguent entre elles dans un esprit de fraternité et d´union contre les puissances infernales du mal et de l´anarchie. Depuis l´assassinat du prêtre Jacques Hamel, les actions tant politiques que religieus ne cessent de se multiplier en faveur d´une campagne de sensibilisation sur la nécessité de ne pas nous laisser gagner par la frayeur du terrorisme dont le seul but est de briser entre nous tous les liens harmonieux qui doivent de plus en plus nous tisser ensemble. Il paraît que le cas de ce prêtre renvoie un signal d´un monde ultra mobilisé contre le terrorisme cauchemardesque.

Alors nous pouvons nous demander: L´assassinat du prêtre est-il une occasion pour relancer le débat interreligieux? Quelles retombées positives pourraient avoir les initiatives des musulmans, des chrétiens et des catholiques de prier ensemble dans un seul lieu en hommage à Jacques Hamel? Il est encore tôt de l´évaluer. Toutefois, une chose est certaine c´est que les actes terroristes peuvent servir, en dépit de tout, à comprendre mieux le monde, à s´interroger sur la culture religieuse, à tirer des leçons de nos égoismes et avarismes, à travailler pour que la paix et la justice sociale règnent, à renforcer notre conviction qu´un jour nous aurons un monde de moins en moins inégalitaire, enfin, à préparer nos progénitures à évoluer dans un environnement collectif socialement et moralement vivable.

Considérations finales

Enfin de compte, les conflits du monde contemporain ne sont pas aussi simples qu´on le croit et ne pourront pas être résolus par des approches simplistes et des projets suscitant des violences défensives ou offensives. Ils sont énormement complexes et compliqués. Il est temps d´éviter des réponses proportionnelles aux violences terroristes, car c´est ce que recherchent les organisations terroristes pour s´amplifier, s´envénimer et se renforcer. Par contre, il serait bon de penser plutôt à des actions plus efficaces axées sur la tolérance, l´amour, la diversité, la pluralité et la multiplicité des identités, des valeurs et des cultures; la fraternité, le vivre ensemble, le respect des droits et libertés individuels; l´égalité, l´esprit de justice, le dialogue, le compromis qu´il serait possible de combattre ce mal qu´est le terrorisme nous guéttant tous. Ces actions là sont plus difficiles à soutenir et à mener que les interventions et invasions guerrières. Tant qu´elle n´aura pas été touchée par une attaque terroriste de l´EI, aucune société, collectivité et communauté sociale, politique, religieuse ou éthnique ne peut s´en croire exempte. Il est dangereux que les guerres et les interventions militaires musclées puissent être la réponse aux violences folles, imbéciles, barbares et idiottes du terrorisme. Ainsi, il est important de savoir que notre monde est actuellement traversé par des violences pathologiques qui tendent vers une domestication de la pensée critique, une déshumanisation de l´homme et une animalisation de notre civilisation.

Jean FABIEN
Campinas, 2 août 2016